Casal pede multa à Chesf de R$ 500 mil por mancha no São Francisco
Representantes da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) informaram, durante coletiva de imprensa, na manhã desta sexta-feira (17), que pediram uma multa de R$ 500 mil à Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) pelos prejuízos causados ao abastecimento de oito cidades do Sertão depois que uma mancha escura, de cerca de 28km, formou-se no rio São Francisco. O relatório aponta que o problema foi causado após a Chesf lançar milhões de metros cúbicos de sedimentos no leito, após a limpeza de comportas. O lançamento gerou a proliferação de microalgas.
O relatório de análise de coletas da água, produzido pelos técnicos da distribuidora, será entregue ao Instituto do Meio Ambiente (IMA) e aos Ministérios Públicos Estadual (MPE) e Federal (MPF).
A Casal informou que foi notificada pela Chesf, no fim do mês de fevereiro, de que seria feita uma limpeza das comportas. Desde o comunicado, a distribuidora confirmou que estava com dificuldades para limpeza e tratamento da água em duas estações de tratamento localizadas na região do Sertão.
Segundo o assessor da presidência da Casal, Jorge Briseno, de 7 a 14 de abril, a limpeza ficou impossibilitada porque foi registrado um excesso de altas na localidade. Por causa desse obstáculo, o abastecimento foi interrompido em oito municípios.
O acúmulo de algas, de acordo com Briseno, foi causado por três fatores distintos: primeiro, o fato de o rio, naquela localidade, ter característica de lago, sem correnteza e com baixa vazão; segundo, o forte sol; e terceiro, a grande quantidade de material orgânico no local, o que favorece o surgimento de organismos. A suspeita é a de que esses três eventos aconteceram de forma simultânea, expandindo rapidamente a mancha escura no rio.
Segundo a Casal, as microalgas não são tóxicas, mas produzem bastante oxigênio. Com o passar dos dias, elas consomem o próprio oxigênio que produziram e ainda sugam da água, o que pode provocar a mortandade de peixes.
“Da parte da Casal, o abastecimento já foi regularizado. Para isso, houve uma maior vazão da água por conta da Chesf, o que empurrou as algas”, explicou Briseno. Pela explicação dele, a Chesf não teria se dado conta do sedimento armazenado durante décadas no fundo das comportas. Ao longo dos anos, cerca de 23 milhões de metros cúbicos de volume inútil precisava ser limpo. Com a abertura, 74% das comportas foram esvaziados.
A multa, segundo Briseno, foi pedida para compensar os prejuízos causados pela interrupção de oito dias no abastecimento de oito cidades. A companhia foi obrigada a contratar mão-de-obra e montar uma estratégia emergencial para suprir o fornecimento de água nestas localidades.
IMA
O diretor de laboratório do IMA, Manoel Messias, informou, ainda durante a coletiva, que não foi constatado lançamento de efluentes sem tratamento (esgoto) no leito. Como foi solicitado o aumento da vazão (e isso já está sendo feito), a ideia dos ambientalistas é empurrar as algas rio abaixo. Pela explicação deles, se elas (as algas) continuarem onde estão o problema pode voltar a acontecer.
O IMA divulgou que vai fechar o relatório e adiantou que deve estipular multa à Chesf pelo problema ambiental que afetou o rio São Francisco. O valor não foi divulgado.
*Com Gazeta Web