Piloto do avião que caiu na França ficou trancado fora da cabine, diz NYT
Uma fonte militar próxima das investigações sobre a queda do avião na França disse sob anonimato ao jornal “New York Times” que a gravação da caixa preta indica que um dos pilotos teria ficado trancado para fora da cabine de piloto e não teria conseguido voltar.
A fonte diz que a gravação indica que no começo do voo os dois pilotos conversavam de maneira tranquila e que depois um deles teria saído da cabine e não teria conseguido entrar de volta.
“O homem do lado de fora bate levemente na porta da cabine e não há resposta. Depois bate mais forte e sem resosta. Nunca há uma resposta”, diz a fonte. Também é possível escutar ele tentando arrombar a porta, diz.
O voo 4U9525 da Germanwings, que ia de Barcelona (Espanha) a Düsseldorf (Alemanha) caiu nos alpes franceses nesta terça (24). As autoridades investigam as causas. A aeronave levava 150 pessoas a bordo, sendo 144 passageiros e seis tripulantes. A queda do avião durou 8 minutos.
Segundo a fonte do “New York Times”, ainda não é possível saber o motivo de um dos pilotos ter saído da cabine. “O que é certo é que bem no final do voo o outro piloto está sozinho e não abre a porta”, diz.
Mais cedo nesta quarta, Rémi Jouty, diretor do BEA, órgão responsável pela investigação do acidente, disse que foi possível obter um arquivo de áudio da caixa-preta encontrada, mas que ainda “não tem a menor explicação” sobre as causas do acidente. Também disse que a prioridade agora é localizar a outra caixa-preta, que têm os parâmetros do voo. Segundo ele, é necessário comparar os dados das duas caixas-pretas para saber o que exatamente aconteceu com o avião acidentado. Isso pode levar dias, semanas ou meses.
Sem explosão
Segundo Rémi Jouty, diretor do BEA, a trajetória do avião indica que ele voou até o fim, descartando a hipótese de explosão no ar. “Isso não é a característica de um avião que explodiu em voo”, disse, explicando a maneira como os destroços ficaram espalhados no terreno da queda. Ele se recusou a dizer se a tripulação estava consciente durante a queda e na hora do choque.
A última mensagem da cabine do avião para o controle de tráfego era rotineira, segundo a BEA. Um minuto depois, o avião começou a descida, que continuou até o impacto.
O radar acompanhou a aeronave até bem pouco antes do choque com a montanha. A aeronave perdeu contato com o tráfego aéreo francês quando estava a 6 mil pés de altura.
“Neste estágio, evidentemente, não temos a menor explicação ou interpretação sobre as razões que levaram este avião a descer, e as razões pelas quais ele continuou a descer, infelizmente, até o relevo, ou as razões que impediram que eles respondessem às tentativas de contato do controle aéreo”, ressaltou o diretor do BEA.
Apesar das primeiras conclusões, Jouty afirmou que “não fechamos qualquer hipótese”.
Reconstituição dos dados
O secretário de Estado de Transportes francês, Alain Vidalies, explicou em entrevista à emissora Europe 1 que a caixa-preta será provavelmente avaliada em duas fases. “Se há vozes humanas, será feito muito rapidamente. Depois se trata de analisar os ruídos, isso pode requerer várias semanas”, detalhou Vidalies.
Em declarações a um grupo de jornalistas, o promotor do Ministério Público de Marselha encarregado do caso, Brice Robin, explicou que “talvez tenhamos um primeiro resultado da análise da caixa-preta no final desta tarde, mas os exames complementares demorarão vários dias”.
Buscas
Os trabalhos de busca dos corpos e dos destroços da fuselagem do avião, na qual participam mais de 600 bombeiros e militares, foram retomados nas primeiras horas desta manhã.
O início dos sobrevoos dos helicópteros encarregados de transportar os investigadores ao local exato da queda, de acesso impossível por estrada, começou pouco depois, às 8h do horário local (4h, pelo horário de Brasília).
A prioridade nesta quarta é recuperar o conteúdo da segunda caixa-preta. As equipes de buscas quase não têm esperanças de encontrar sobreviventes entre os 150 ocupantes do avião.
Os destroços estão localizados em uma região de 2 mil metros de altitude, e segundo o general francês David Galtier, “os pedaços de corpos humanos localizados não são maiores que uma pequena maleta”.
Vítimas
Segundo o premiê francês, Manuel Valls, os passageiros a bordo do avião eram de pelo menos 10 nacionalidades diferentes. A maior parte era da Alemanha e da Espanha. Também foi confirmada a presença de cidadãos de Argentina, Austrália, Bélgica, Colômbia, Dinamarca, Grã-Bretanha, Israel, Japão, Marrocos, México e Holanda.
O CEO da Germanwings, Thomas Winkelmann, divulgou nesta quarta uma lista atualizada das nacionalidades das pessoas a bordo do avião. Segundo ele, a aeronave levava 72 alemães, 35 espanhóis, dois australianos, dois argentinos, dois iranianos, dois venezuelanos, dois norte-americanos, um britânico, um holandês, um colombiano, um mexicano, um dinamarquês, um japonês, um belga e um israelenses.
Entre as vítimas estava um grupo de 16 estudantes e duas professoras do Instituto Joseph Konig, de Haltern, na região de Düsseldorf, que tinha ido para Barcelona participar de um intercâmbio e estavam voltando para a Alemanha.
A origem de algumas vítimas ainda é incerta, especialmente devido a casos de dupla nacionalidade.
Também há conflito com informações passadas por governos locais. O Reino Unido informou que havia três britânicos no voo. Já o governo espanhol disse que havia 51 vítimas espanholas na aeronave, e não 35.
Fonte: G1