Dilma recebe apoio de governadores do NE, que pedem mais recursos para saúde

catsA presidente Dilma Rousseff recebeu apoio político dos governadores do Nordeste nesta quarta-feira, mas ouviu deles pedidos para ampliar os recursos para a saúde, por meio de uma taxação das fortunas, e a liberação mais ágil de financiamentos internacionais.

Após uma reunião de mais de três horas com os nove governadores da região, o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, leu uma carta em que eles contestam os movimentos da oposição na direção do impeachment da presidente.

“Não podemos concordar que o legítimo exercício do direito de oposição e de livre manifestação seja confundido com teses sem qualquer amparo na Constituição Federal e que dificultam o pleno funcionamento das instituições brasileiras”, diz um trecho do documento divulgado após a reunião.

Os governadores fazem um apelo para um amplo entendimento nacional em torno de quatro pontos: a retomada do crescimento econômico; a defesa dos investimentos públicos e privados, inclusive os da Petrobras; a preservação das políticas de combate às desigualdades sociais; e a realização de uma ampla reforma política.

“Apoiamos as investigações…e o combate incessante à corrupção…porém, entendemos que o Brasil não pode ser o país da agenda negativa e única”, diz outro trecho do documento.

Dilma enfrenta forte queda de popularidade, uma crise com o Congresso e tem feito enorme esforço para fazer um ajuste fiscal, que tem enfrentado resistência do Congresso e dos movimentos sociais.

Nesse contexto, no último dia 15 centenas de milhares de brasileiros foram às ruas para pedir o fim da impunidade, o combate à corrupção e até mesmo o impeachment da presidente.

Logo após os protestos, uma pesquisa do instituto Datafolha mostrou uma reprovação recorde da presidente, com 62 por cento dos entrevistados apontando sua gestão como ruim ou péssima. Apenas 13 por cento consideram o governo Dilma bom ou ótimo.

MAIS RECURSOS

Os governadores também pediram à Dilma na reunião que o governo não deixe de fazer os investimentos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), cuja terceira fase ainda não foi anunciada pelo governo, e no Minha Casa, Minha Vida.

Eles também pediram maior acesso a financiamentos internos e externos para os Estados que têm capacidade de endividamento.

E querem alternativas de novas fontes de financiamento para a saúde, “com a taxação de grandes fortunas para este fim”, diz o documento.

Coutinho disse ainda que os governadores do Nordeste se colocaram à disposição para funcionar “como laboratório para o sistema único de segurança pública”, que foi proposto pelo governo no ano passado.

O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, disse que o governo estudará as propostas dos governadores, mas que durante a reunião a presidente deixou claro que o mais importante nesse momento é garantir a aprovação das medidas necessárias para o ajuste fiscal. E que os governadores devem negociar com as bancadas estaduais esse apoio.

Mercadante afirmou ainda que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, irá ao Senado na semana que vem para discutir temas federativos com os senadores, não somente um novo indexador para a dívida de Estados e municípios com a União.

Mercadante disse que a mudança no indexador da dívida é um tema mais relevante para as cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro do que para outros entes federados e que a audiência de Levy na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado, marcada para terça-feira, servirá de outros temas, como assuntos relacionados às alíquotas do ICMS.

Mais cedo, senadores da base aliada se reuniram com Levy e levaram ao ministro a posição de incluir outros temas federativos na discussão.

 

Reuters

 

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