Em Nápoles, Papa pede que mafiosos abandonem o crime
Em visita ao empobrecido Sul da Itália, o Papa Francisco disse aos napolitanos para que resistam à exploração por parte dos chefões da máfia e busquem a dignidade do trabalho honesto.
Em uma viagem de um dia de sábado a Nápoles, Francis falou com moradores de Scampia, um bairro degradado dominada por mafiosos da Camorra, e lamentou o cenário de desemprego crônico na região.
Em lugares como Scampia, mais da metade dos jovens estão desempregados. Muitos acabam trabalhando para a máfia napolitana como transportadores de droga ou responsáveis por extorsões, cobrando o chamado “dinheiro de proteção” dos comerciantes locais.
Mais tarde, em sua homilia na praça principal de Nápoles, o pontífice pediu a dezenas de milhares de pessoas que mantenham as esperanças e resistam aos “ganhos fáceis e a renda desonesta” do tráfico de drogas. Ele pediu aos mafiosos e seus cúmplices que abandonem o caminho do crime.
— É sempre possível voltar a uma vida honesta. São mães que choram que pedem isso nas igrejas de Nápoles — disse o Papa diante de cem mil fiéis na praça do Plebiscito, advertindo que “todos têm a oportunidade de serem corruptos e caírem na delinquência”. — Como um animal morto, a corrupção fede. A sociedade corrupta fede, e um cristão que deixa a corrupção entrar em sua vida também fede.
O Papa apoiou fortemente o apelo da filipina Corazon Dag-Usen, que pediu que os imigrantes vindos da África e da Ásia sejam “reconhecidos”, e pediu teto para os muitos desabrigados da região.
— Eles são cidadãos, não são cidadãos de segunda classe! Nós também somos todos migrantes, filhos de Deus, no caminho da vida! Ninguém tem um lar permanente nesta terra — exclamou Francisco.
O Papa considerou ainda que o trabalho clandestino, generalizado na economia paralela napolitana, era uma forma de “escravidão”, e citou o testemunho de uma jovem que havia recebido uma proposta de 11 horas de trabalho por dia, por 600 euros por mês.
Neste quadro sombrio, em meio a aplausos estrondosos, o Papa exaltou a vitalidade da cultura napolitana.
— A vida em Nápoles nunca foi fácil, mas nunca foi triste — afirmou o pontífice. — Seu maior recurso é a alegria.
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