Viúva de refém morto por ‘John Jihadista’ quer militante vivo
A viúva de uma das vítimas decapitadas pelo militante mascarado conhecido como “John Jihadista”, do autodeclarado “Estado Islâmico”, diz querer que o militante seja capturado vivo.
Em entrevista à BBC, Dragana Haines afirmou que a “última coisa” que ela quer para o homem que matou seu marido, o trabalhador de ajuda humanitária David Haines, é uma “morte honrosa”.
“John Jihadista”, retratado em vídeos de decapitações de reféns ocidentais, foi identificado como Mohammed Emwazi, um britânico nascido no Kuwait. A polícia não confirmou sua identidade.
Emwazi tem 27 anos de idade e já era conhecido previamente pelos serviços de segurança britânicos. Ele seria o homem que ficou mundialmente conhecido ao aparecer pela primeira vez em um vídeo divulgado em agosto – onde aparentemente assassina o jornalista americano James Foley.
Ele também apareceria nos vídeos que retratam as decapitações de Haines, do jornalista americano Steven Sotloff, do taxista britânico Alan Henning e do funcionário de ajuda humanitária Abdul-Rahman Kassig, também conhecido como Peter.
Reconhecimento
Segundo o analista de segurança da BBC, Frank Gardner, o FBI (a polícia federal americana), o MI5 (seu equivalente britânico) e outras agências de inteligência já sabiam da identidade de John Jihadista desde setembro.
Eles teriam usado uma combinação de softwares de reconhecimento de voz, entrevistas com ex-reféns e investigações em Londres para chegar ao nome de Mohammed Emwazi.
Parentes das vítimas reagiram com emoção às notícias da identidade do assassino.
“Espero que ele seja apanhado vivo”, disse a mulher de Haines. “Essa seria a única satisfação moral para as famílias de todas as pessoas que ele assassinou. Se for morto em ação, vamos dizer assim, será uma morte honrada para ele e esta é a última coisa que eu quero para uma pessoa como ele.”
Já a filha de Haines, Bethany, foi mais incisiva em uma entrevista à rede ITV News. “Eu acho que as famílias terão alívio e descansarão quando alguém colocar uma bala entre os olhos dele”, afirmou.
Um porta-voz da família de Steven Sotloff disse: “Queremos nos sentar em um tribunal e vê-lo ser sentenciado e mandado para a prisão”.
A mãe de Foley, Diane, disse ao jornal Times que perdoava o assassino de seu filho. “O ódio dele me entristece. Ele se sentiu injustiçado e agora nós o odiamos – isso só prolonga o ódio e nós temos que parar isso”, afirmou.
“Como mãe eu o perdoo. A coisa toda é trágica, uma tragédia em andamento.”
‘Beatles’
Reféns libertados pelo autodeclarado “Estado Islâmico” afirmaram que John Jihadista era um dos três combatentes encarregados de vigiar os reféns ocidentais do grupo na Síria. Eles eram conhecidos coletivamente como “os Beatles”.
Em entrevista coletiva, Assim Qureshi, diretor de pesquisa do grupo ativista britânico Cage (que defende os direitos de detentos), disse que teve contato com Emwazi por muitos anos. Ele disse ao jornal Washington Post que Emwazi passou por dificuldades envolvendo os serviços de segurança britânicos, dentro e fora da Grã-Bretanha.
Qureshi disse que Emwazi costumava ser “extremamente amável, gentil e de fala mansa, a pessoa mais modesta que conheci”.
Segundo o ativista, em maio de 2009 Emwazi viajou para a Tanzânia, logo após se formar em programação de computadores pela Universidade de Westminster. Ele e dois amigos planejavam fazer um safari, mas assim que chegaram à capital, Dar es Salaam, foram detidos pela polícia.
Em outro episódio, Emwazi viajou para Amsterdã, na Holanda, onde alegou ter sido abordado por agentes do MI5 – que o teriam acusado de tentar ir para a Somália, onde opera o grupo jihadista al-Shabab.
Ele negou a acusação e disse que esses agentes tentaram recrutá-lo como informante antes de permitir que ele voltasse à Grã-Bretanha.
Emwazi teria viajado à Síria para entrar no “Estado Islâmico” em 2013.
Um porta-voz do premiê David Cameron não confirmou nem negou as informações sobre Emwazi, mas afirmou que as forças de segurança do país estão trabalhando para encontrar e punir os responsáveis pelos assassinatos dos reféns britânicos.
Fonte: BBC Brasil