Mulher se sensibiliza e custeia enterro de Hilda Furacão, diz asilo argentino
Uma mulher, que não quis se identificar, foi a responsável pelo enterro do corpo de Hilda Maria Valentim, conhecida como Hilda Furacão. Ela morreu aos 83 anos, no dia 29 de dezembro, em um asilo em Buenos Aires, na Argentina, de “causas multiorgânicas” – ela começou a ficar debilitada por um problema respiratório, depois agravado por uma falha renal. Hilda era mantida numa ala de internação há oito meses devido à saúde frágil. Até um mês atrás, estava totalmente lúcida. Depois, passou a ter “flashes” eventuais de lucidez. O funeral aconteceu na última sexta-feira (2), no Cemitério Municipal de Chacarita.
O diretor do lar Guillermo Rawson, lugar em que Hilda viveu seus últimos anos, Jorge Stolbizer, disse que foi procurado no dia 31 de dezembro por uma pessoa interessada em dar um enterro digno à ex-prostituta, que se tornou um mito em Belo Horizonte.
“Ela disse que é funcionária do consulado do Brasil em Buenos Aires e me pediu para que o nome dela não fosse divulgado. O consulado, segundo ela, não sabe da boa ação”, conta Stolbizer. O motivo que fez a mulher procurar o asilo teria sido solidariedade. “Ela disse que teve pena e resolveu ajudar”, explica o diretor.
Ainda de acordo com Stolbizer, a mulher disse que não tinha nenhuma relação com Hilda, mas que ficou sensibilizada ao saber do caso. Ninguém havia reclamado pelo corpo até a última quarta-feira. “Nós havíamos tentado de tudo. Até procuramos o Boca Juniors [clube em que o marido de Hilda, Paulo Valentim, jogou nos anos 50], mas ninguém se interessou por ela. Já estávamos perdendo a esperança quando esta senhora apareceu”, desabafa.
O enterro custou cerca de R$ 1 mil que foram pagos pela benfeitora. Apenas ela e Jorge Stolbizer compareceram ao enterro. “Nós fomos até a funerária, escolhemos o caixão, colocamos Dona Hilda lá, tiramos algumas fotos e a enterramos. Ninguém mais apareceu”, disse o diretor.
Se esta mulher tivesse demorado mais um dia, o funeral teria sido bancado pelo governo argentino e seria muito mais modesto, já que o corpo de Hilda estava no necrotério a quase 48 horas, prazo máximo para liberação, segundo Stolbizer.
Fonte: G1