Servidores da ALE ameaçam boicotar posse de Renan
Um velho filme voltou a assombrar os servidores comissionados da Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE). Apesar da promessa de que em 2014 os salários de dezembro e o 13º seriam pagos até o final de ano, nada foi cumprido, até o momento, pela Mesa Diretora. Diante do não pagamento, que só deve acontecer na segunda semana de 2015, os servidores comissionados prometem boicotar a posse do governador eleito, Renan Filho (PMDB), que está marcada para acontecer no 1º de janeiro, às 14h, no parlamento alagoano.
De acordo com o presidente da Associação dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas (Assala), Eduardo Fernandes, o Poder Legislativo foi o único que não efetuou o pagamento dos servidores. Segundo os integrantes da Mesa Diretora, o dinheiro que estava em caixa deu apenas para pagar o 13º dos efetivos e de 50% dos aposentados e pensionistas.
“Os servidores mais uma vez estão sofrendo. Eles não querem nem trabalhar na posse do Renan Filho, o que pode comprometer a cerimônia. É preciso que uma solução seja encontrada o quanto antes”, relatou Fernandes.
Ainda segundo o representante de classe, a sessão que estava prevista para acontecer nesta segunda-feira (29) só deve acontecer nesta terça-feira (30). Entre as matérias que devem ser analisadas, destacam-se a suplementação orçamentária para diversos poderes, entre eles o Legislativo. O presidente da Mesa Diretora, deputado Fernando Toledo (PSDB), vem trabalhando junto ao Palácio República dos Palmares para garantir uma suplementação na ordem de R$ 10 milhões no apagar da luzes das gestão tucana.
“Infelizmente, o nosso pagamento só deve acontecer ano que vem. Uma situação totalmente vexatória. Havia o compromisso da Mesa Diretora que essa situação não mais se repetiria, o que não aconteceu. Vamos passar o ano novo sem dinheiro. Estou buscando reverter essa tentativa de prejudicar a posse do governador. Até porque, Renan não tem nada a ver”, explicou. Os servidores temem também que o governador eleito faça o bloqueio da suplementação que deve ser votada nesta quarta-feira, como fez o governador Teotonio Vilela (PSDB) ao tomar posse em 2007, vedando o repasse sancionado pelo então governador Luis Abílio.
A reportagem buscou contato com o presidente da Mesa Diretora, deputado Fernando Toledo (PSDB), mas o parlamentar não comentou o impasse. No começo do ano, o presidente foi ao Palácio República dos Palmares, apesar de a Casa de Tavares Bastos dispor, este ano, de R$ 150 milhões para pagamento de pessoal. “É preciso que os servidores tenham a certeza de que vão receber. Espero que essa resposta nos seja dada o quanto antes”, cobrou Vieira.
Para 2015, há a previsão de que o orçamento do parlamento alagoano salte para R$ 190 milhões, apesar de o reajuste acontecer em meio a denúncias de irregularidades na atual gestão da ALE. Isso porque, segundo o Ministério Público Estadual, um suposto esquema de desvio de recursos, por meio de depósitos bancários nas contas de servidores ligados a deputados da Mesa Diretora, causou prejuízos de cerca de R$ 33 milhões.