Raio mata quatro pessoas da mesma família no litoral
Após a morte de quatro pessoas atingidas por um raio em Praia Grande, no litoral de São Paulo, na tarde desta segunda-feira (29), autoridades explicaram o incidente para a imprensa em uma entrevista coletiva no auditório do Hospital Irmã Dulce, no bairro Boqueirão.
O raio caiu durante uma forte chuva nas proximidades do Quiosque 18, situado na altura das ruas Rui Barbosa e Mauricio José Cardoso, no bairro Canto do Forte. A tempestade também atingiu outras cidades da Baixada Santista no início da tarde e provocou vários estragos, como quedas de árvores e inundações.
Segundo o capitão do Corpo de Bombeiros Maurício Biloti Machado Cunha, o resgate chegou rápido ao local. “Temos equipes que trabalham na faixa de areia, onde aconteceu a ocorrência, e o atendimento foi imediato. Os procedimentos para tentar reanimar as quatro pessoas, que sofreram paradas cardiorrespiratórias, foram realizados ainda no local e todas foram encaminhadas para a unidade hospitalar. Os bombeiros não podem confirmar um possível óbito no local, excluindo as situações onde há sinais evidentes, o que não era o caso”, diz.
Rodrigo França Gomes, subsecretário de Saúde do município, afirma que houve um bom trabalho em equipe “O atendimento pré-hospitalar foi muito eficiente e em um tempo mínimo, o que tornou a ação como um todo mais eficaz. As equipes estavam preparadas, o Hospital Irmã Dulce tem toda a estrutura para atender os pacientes. Infelizmente, não conseguimos salvar quatro vidas, mas tomamos cuidados e realizamos todos os exames com as outras quatro pessoas atingidas”, afirma.
O capitão acredita que a falta de informação com relação aos perigos de descargas elétricas contribuiu para o incidente. “Nesse caso, não acredito que houve imprudência. Acredito que, de um modo geral, falte informação à sociedade. Eles se abrigaram sob um guarda-sol, objeto que atrai raios, assim com árvores. Imediatamente após o fato, ainda era possível encontrar pessoas na faixa de areia, sob lugares que atraem raios”, afirma.
Cunha também explica que banhistas devem ficar atentos assim que houver mudanças no tempo. “Quando começa a cair raios, orientamos as pessoas a saírem da água. Não necessariamente quando chove, porém, nós redobramos a atenção. Todo lugar aberto, como campos de futebol ou praias, são mais suscetíveis a raios, por isso a orientação é que a população evite esses locais durante tempestades de raios. Porém, é importante lembrar que não temos o poder de polícia”, salienta.
O coordenador geral da Defesa Civil da cidade, Luciano Gomes de Souza, explica que o órgão realiza campanhas informativas. “Nós trabalhamos de forma preventiva, com diversas campanhas para orientar moradores e turistas sobre os perigos dos raios. No período de dezembro até março, nós sabemos que a incidência de raios é maior, por isso, realizamos um trabalho diferenciado de prevenção nessa época”, explica o coordenador.
Vídeo
O internauta Marcelo Vianna estava no local e fez imagens da equipe do Corpo de Bombeiros tentando reanimar as vítimas. O flagrante mostra a ação dos homens da corporação, que tentam fazer massagem cardíaca, e várias pessoas em volta. A testemunha enviou o vídeo por meio da plataforma colaborativa VC no G1.
Parentes
As quatro pessoas mortas durante a queda de um raio na tarde desta segunda-feira em Praia Grande foram identificadas pela polícia como da mesma famíla. Morreram durante a descarga elétrica Zenildo Tadeu Vieira, coronel aposentado da Polícia Militar, de 69 anos; sua esposa, Andrea Boaretto, de 41 anos; a sobrinha do casal, Kátia Boaretto, gestante de cinco meses; e seu marido, Luciano D’alessandro. O bebê de Kátia também não resistiu. Luciano e Kátia moravam em Jacareí, cidade da região do Vale do Paraíba. Já o coronel aposentado e a esposa eram da capital paulista.
Um familiar do casal Kátia e Luciano afirmou que eles passavam férias em Praia Grande. Os corpos foram levados para o Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo.
Além das vítimas fatais, outras quatro pessoas foram atingidas durante o incidente, sendo que uma encontra-se em estado grave. Uma mulher e suas duas filhas, turistas de Franca, no interior paulista, estão fora de perigo, passaram por avaliação buco-maxilo-facial no Hospital Irmã Dulce, por apresentarem ferimentos no rosto. Duas foram liberadas e uma continua internada em observação.
Testemunhas
A dona do quiosque próximo de onde o raio caiu relatou os momentos de pânico vividos por quem estava no local. Helena Motta afirma que ouviu um barulho parecido com o de uma explosão, instantes antes das pessoas caírem no chão. “Na hora não consegui pensar em nada. Teve um barulho parecido com uma explosão e vi o raio descendo, antes de um clarão. No momento em que isso aconteceu, eram mais de 20 pessoas no local, entre as que voltavam do mar e as que estavam onde o raio caiu”, afirma.
A comerciante disse que ficou paralisada após a descarga e começou a reunir as pessoas que conseguiram correr para dentro de seu estabelecimento. “Eu não quis ir ver, porque tinha até uma pessoa com uma parte do rosto toda escura, parecia queimado ou sangue. Não dava para saber com certeza”, afirma.
Helena diz que nunca presenciou algo parecido antes. “Algumas pessoas chegaram chorando depois do raio. Na hora, o pessoal ficou em pânico, foi quando os bombeiros chegaram com macas, trouxeram viaturas. Infelizmente é triste”, conclui.
O metalúrgico André de Almeida também presenciou o incidente. “Meu irmão entrou na água, como ele tem um problema, fui com ele. O raio caiu na beirada da praia e todo mundo foi para o chão. Quem mais sofreu foi o idoso, porque ele caiu e na hora ficou com os olhos arregalados. A menina que estava com ele já começou a sangrar pelo nariz. Um parente meu chegou a desmaiar após o impacto do raio. Já estava trovejando bastante antes do raio cair. O tempo fechou”, relata.
Fonte: G1