Flagrado em trabalho escravo, grupo comia seriema para não passar fome
Para não passar fome, os trabalhadores mantidos em trabalho escravo em uma fazenda em Coxim, a 257 km de Campo Grande, tiveram que comer seriemas, segundo a delegada Sandra Regina Simão de Brito Araújo. Ao G1, ela disse nesta quarta-feira (3) que, durante depoimento, os trabalhadores relataram o consumo da ave silvestre por falta de alimentação. O Ministério Público do Trabalho (MPT) foi acionado e vai atuar no caso, segundo a assessoria do órgão.
“Eles disseram que a alimentação era pouca e que, quando tinha, a comida era regrada, porque não havia quantidade suficiente para o grupo. Por isso, chegaram a matar seriemas para se alimentar. Isso aconteceu algumas vezes, segundo eles”, afirmou Sandra Regina. Outra reclamação dos trabalhadores era a falta de água potável para consumo e o não pagamento de salário, além de condições precárias de trabalho.
Resgate
Os 17 trabalhadores foram resgatados na terça-feira (2) pela Polícia Militar (PM) após denúncia anônima. Eles foram levados para a Delegacia de Polícia Civil, onde prestaram depoimento. Depois, foram para um albergue do município.
O grupo tem idade média de 20 anos e há três adolescentes, de 15 e 16 anos. Dos 17 jovens, 12 são paraguaios. Um homem de 38 anos foi preso suspeito de manter o grupo em condição análoga à escravidão. De acordo com a delegada, o preso era o responsável pelos trabalhadores.
Ela explica que o dono da fazenda vendeu eucaliptos em pé para uma pessoa e esta contratou uma terceira, para cuidar do trabalho no local. Um contrato de venda dos eucaliptos em pé foi apresentado à delegada pela advogada do dono da fazenda. O responsável pelo grupo foi autuado em flagrante pelo crime de “reduzir alguém a condição análoga à de escravo”, cuja pena prevista é de reclusão de dois a oito anos, mais multa.
Assessoria