Biblioteca Pública Estadual abre as portas para os amantes da leitura
Os amantes da leitura em Alagoas terão à sua disposição um espaço multicultural, com a reativação, a partir desta terça-feira (25), às 19h, da Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos. Agora mais moderna, organizada e acessível, a inauguração conta com a presença do govenador Teotonio Vilela Filho. Com 149 anos completos em 2014, a biblioteca ocupa todo o centenário Palacete Barão de Jaraguá e dispõe de um acervo com cerca de 70 mil volumes, incluindo obras raras que datam do período colonial do Brasil.
O projeto de restauração e modernização é resultado de um convênio entre o Governo do Estado e a Fundação Biblioteca Nacional (FBN) e foi orçado em R$ 3,4 milhões. Além da reorganização dos pavimentos tradicionais que abrigam os títulos, o projeto possibilitou ampliar o acesso da população ao conhecimento, com a construção de rampas e elevadores e de espaços inclusivos, como a sala de livros falados e em braile e a bbteca, para a iniciação de bebês, a partir de seis meses, no mundo da leitura.
Toda essa reestruturação leva tempo, como explica a superintendente de Identidade e Diversidade Cultural da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), Adriana Guimarães. “Uma obra desse tipo nunca consegue cumprir prazos, porque é repleta de imprevistos, mas até para esse quadro existem benefícios. Durante esse período o próprio recurso do convênio rendeu, e a quantia pôde ser aplicada na modernização da biblioteca”, disse.
Segundo o secretário da Cultura, Osvaldo Viégas, a obra marca a responsabilidade assumida pelo Governo ao iniciar um processo pioneiro de restauração no Estado. “Apenas no governo de Teotonio Vilela essa é a quarta restauração que inauguramos. Com a biblioteca pronta, ajudamos a ocupar um espaço público fundamental e oferecemos ao alagoano condições para que a cultura seja consumida no Estado”, disse.
Além dos espaços inclusivos, a nova estrutura da biblioteca conta ainda com o Memorial Graciliano Ramos, que reúne obras e publicações do escritor ou sobre ele, Memorial da Biblioteca Pública, com móveis e objetos que fazem parte da história do prédio, dois telecentros e Laboratório de Preservação e Conservação do Acervo, com equipamentos especializados na manutenção das condições dos livros. Além disso, o usuário poderá consultar o catálogo da biblioteca online, onde mais da metade do acervo já foi automatizado.
Ao todo, o palacete conta com 54 ambientes, que se dividem entre os novos espaços, salas de livros, de leitura, exposições, setores administrativos e demais repartições. O acervo de obras e publicações alagoanas ou que trazem conteúdo sobre o estado, reúne mais de 6 mil volumes e ocupa três espaços no prédio, sendo um reservado para leitura.
Segundo a diretora da Biblioteca Pública de Alagoas, Maria Luiza Russo, todo material relacionado ao estado é doado à coleção por escritores ou apreciadores da literatura alagoana principalmente em eventos literários. “A biblioteca tem trabalhado em conjunto com a Secretaria de Cultura no sentido de promover os autores da terra em feiras literárias e bienais. Em contrapartida, os títulos são doados para o acervo, que está sempre em expansão”, destacou.
Política de desenvolvimento
Para contribuir com a adequação dos serviços oferecidos aos moldes das bibliotecas modernas, foi necessária a aplicação de uma política de desenvolvimento de coleções. Uma mega operação de contabilização, seleção, aquisição e desbastamento de todo o material da biblioteca, como explica Maria Luiza. “O trabalho bibliotecário é rotineiro, o número do acervo não é fixo, porque, além de novas doações e aquisições que estão por vir, ainda há milhares de volumes separados para avaliação e seleção, item por item. Nesse processo intenso, muitos foram transferidos para bibliotecas escolares, outros enviados para restauração ou descartados por repetição de exemplares ou maus estados de conservação”, justificou a diretora, que, junto a uma equipe reduzida, participa do trabalho de avaliação e seleção dos títulos.
A política de desenvolvimento de coleção junto com o regimento interno e a implantação da seleção com base nos critérios de obras raras, determinados pela FBN, são documentos novos que passam a ser incorporados pela gestão na nova proposta de organização da biblioteca.
Obras Raras
De acordo com análise realizada durante a seleção e reorganização do acervo pelo estudante de História da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Francisco Vicente Ferreira, são 6.381 obras elevadas à condição de raridade dentro atual volume de todo o acervo da biblioteca. Destas, 523 são obras raras escritas por alagoanos ou sobre algum tema relacionado ao estado e atendem a todos os critérios de raridade estabelecidos pela Biblioteca Nacional.
O mais antigo título raro encontrado na Biblioteca Pública de Alagoas é escrito por Diogo Couto, uma coleção de contos distribuídos em 14 volumes, onde o mais antigo data de 1778. Os escritos, impressos em papel diferenciado, relatam os feitos dos portugueses nos processos de descobrimento do Brasil colonização.
A biblioteca que nasceu singela, no centro da capital, onde comerciantes costumavam se reunir para leitura diária de periódicos, renasce muito maior, em estrutura e utilidade. “Ela é o que chamamos de biblioteca viva, e Alagoas está convidada para aproveitar esse novo momento da nossa cultura”, lembrou o secretário Osvaldo Viégas.
História
A Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos, antes de sua inauguração funcionava na Rua Augusta, mais conhecida como Rua das Árvores, onde comerciantes costumavam se reunir para leitura diária de periódicos, sendo institucionalizada apenas em 26 de junho de 1865, quando passou a funcionar anexa ao antigo Liceu Alagoano.
Em 1972, a biblioteca foi transferida para o segundo andar do prédio da Assembleia Legislativa. Em 1978, mudou-se para um sobrado na Rua João Pessoa. Já em 1886 passou a funcionar no primeiro andar do antigo Palácio da Presidência. Em 1890 a biblioteca volta a ser anexo do antigo Liceu e 1898 ela é desanexada do antigo Liceu Alagoano e ocorre a mudança para o prédio nº 11, na rua do Comércio.
Em 1925, a biblioteca é fechada e só retorna seu funcionamento em 1935. Após esse período, em 1965, ela foi instalada pelo governo estadual juntamente com o arquivo público no atual prédio. Porém, o tombamento do prédio só se deu em 1985. Em outubro de 2010, foi assinado o contrato para a execução da obra de restauração do Palacete Barão de Jaraguá.