Dois executivos presos na Lava-Jato devem depor no primeiro dia na prisão

Sem títuloPelo menos dois executivos detidos na Operação Lava Jato tiveram depoimento marcado para o primeiro dia na prisão. Carlos Eduardo Strauch Albero e Newton Prado Junior, ambos diretores da Engevix, tiveram a oitiva agendada após terem conversado com seus advogados, na tarde deste sábado. Os dois cumprem prisão temporária e permanecem na carceragem da Polícia Federal em Curitiba.

Os advogados argumentaram em habeas corpus apresentado ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que não viam motivo para que fossem mantidos presos, uma vez que seus clientes já iriam prestar depoimento no sábado mesmo e também os mandados de busca e apreensão haviam sido cumpridos. Porém, a desembargadora Maria de Fátima Freitas Labarrère, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que já indeferiu habeas corpus de 11 dos 23 executivos presos nesta fase da Operação Lava Jato, considerou que não há comprovação de que a colheita de provas nas empresas tenha se encerrado com os mandados de busca, apreensão e prisão realizados na última sexta-feira.

“Tomando-se os valores milionários ou bilionários destes contratos, os danos sofridos pela empresa estatal, cujo acionista majoritário é a União Federal e, em última análise, o povo brasileiro, atingem milhões ou até mesmo bilhões de reais. Os depósitos identificados nas contas controladas por Alberto Youssef, eles mesmo vultosos, na casa de milhões de reais, representam uma fração de um esquema, segundo os criminosos colaboradores, muito maior”, afirmou a desembargadora;

“Grande parte do esquema criminoso permanece ainda encoberto, sem que se tenha certeza de que todos os responsáveis serão identificados e todo o dinheiro desviado recuperado”.

Além de Albero e Prado Junior, está preso na sede da PF de Curitiba o vice-presidente da Engevix, Gerson de Mello Almada. Ele teve prisão preventiva decretada pela Justiça e foi apontado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef como o principal contato do esquema na empreiteira. O habeas corpus impetrado para soltura de Almada também foi indeferido pelo TRF-4.

Entre 2009 e 2014 a Engevix assinou individualmente 10 contratos com a Petrobras, no valor de R$ 837.862.366,62, vários deles com aditivos. Participou ainda de consórcios, celebrando em conjunto com outras empresas contratos de R$ 3.339.668.483,82. No total, os negócios com a estatal somaram R$ 4,177 bilhões. O repasse de dinheiro para os partidos políticos foi demonstrado por diversos contratos assinados pela empreiteira com empresas de fachada controladas pelo doleiro e depósitos bancários feitos nas contas delas.

Ao negar todos os habeas corpus apresentados entre sexta e sábado, a desembargadora Maria de Fátima ressaltou que empreiteiras apresentaram documentos falsos à Justiça para justificar os pagamentos feitos às empresas do doleiro, “o que demonstra a possibilidade de destruição e ocultação de documentos”. Afirmou ainda que emissários foram enviados para tentar cooptar testemunhas, seja por dinheiro ou ameaça velada.

“Se as empreiteiras, ainda em fase inicial da investigação, não se sentiram constrangidas em apresentar documentos falsos ao Judiciário, forçoso reconhecer que integridade das provas e do restante da instrução encontra-se em risco sem uma contramedida”, afirmou a desembargadora.

Até a manhã deste domingo, também tiveram habeas corpus negados os executivos Eduardo Hermelino Leite, José Ricardo Breghirolli, Agenor Franklin Magalhães de Medeiros, Dalton dos Santos Avancini, João Ricardo Auler, José Aldemário Pinheiro Filho, Mateus Coutinho de Sá Oliveira e Alexandre Portela Barbosa.

Os advogados do vice-presidente da Camargo Corrêa, Eduardo Hermelino Leite, que além de pagar propina é apontado como beneficiário de parte dela, tentaram substituir a prisão preventiva por domiciliar. Argumentaram que ele sofre de hipertensão arterial de difícil controle e que está afastado do trabalho para ajustar os medicamentos, em função de “importante estresse profissional”. O pedido também foi indeferido pelo TRF-4.

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