Militar é sepultado e comando cobra do povo mais valor à tropa
O corpo do cabo da Polícia Militar (PM) de Alagoas Edvaldo Teotonio Gomes, de 48 anos, foi enterrado no fim da tarde deste sábado (15), no cemitério municipal de São José, no Trapiche da Barra, em Maceió, sob a comoção de parentes, amigos e também com grande revolta por parte dos membros da corporação. O comandante da PM, coronel Marcus Vinicius, afirmou que este é o momento de entidades e instituições civis organizadas, além da imprensa, mudarem a conduta com relação ao trabalho da polícia. Ele disse que vai fazer uma visita a estes segmentos para pedir mais apoio à tropa.
Demonstrando indignação, o comandante destacou que comparações feitas de mortes de civis em confrontos com militares, conforme foi veiculado na imprensa nacional, não devem ser feitas. Segundo ele, os policiais militares sofrem muito mais nas ruas do que os suspeitos que acabam morrendo em troca de tiros em operações. Ao invés de evidenciar comparações assim, a imprensa deveria, na opinião de Marcus Vinicius, valorizar e exaltar ainda mais o trabalho da PM.
Segundo ele, o número de policiais militares assassinados é muito alto no Brasil inteiro e as entidades que lidam com Direitos Humanos, além do Ministério Público e mais uma vez a imprensa precisariam mudar a postura. “Falei ontem pela manhã com a minha tropa, durante uma solenidade de formatura, que a sociedade civil organizada precisa mudar o foco e começar a destacar mais o trabalho e as ações valorosas do PM. O conselho que dei à tropa é que cada um saia para o serviço vivo e volte vivo”, completou.
Ele questionou qual seria o nível de cobrança da sociedade e da imprensa, agora, depois que mais um policial morreu. A pergunta seria uma comparação com o episódio ocorrido em Guaxuma, na semana passada, quando cinco supostos assaltantes morreram em troca de tiros com militares do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope).
O coronel acredita que a tropa está carente de apoios e, por isso, vai pessoalmente marcar visitas de cortesia ao Ministério Público, à Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (Comissão de Direitos Humanos) e os órgãos de imprensa no estado. A intenção, segundo o comandante, é pedir mais suporte para fortalecer a tropa.
Ao contrário do que foi divulgado até agora, Marcus Vinicius negou que o cabo Edvaldo Teotonio tenha reagido ao assalto dentro do transporte complementar, na noite dessa sexta-feira. “Os bandidos pediram a bolsa e ele entregou. E foi morto quando viram que ele guardava uma arma”, relatou. O comandante explicou que a postura do militar, que estava à paisana, foi correta.
Em nota, a Associação dos Cabos e Soldados de Alagoas (ACS) repudiou mais um assassinato de militar e cobrou uma postura das entidades que lidam com os Direitos Humanos. Para o presidente da associação, cabo Wellington Silva, a ação criminosa denota que o Estado está inseguro. “Gostaríamos de um posicionamento dos direitos humanos com relação a mais este crime cometido contra um PM. Infelizmente, nossa categoria não recebe o apoio necessário por parte da Comissão de Direitos Humanos, e com isso nos sentimos desamparados”, ressalta.
Sepultamento
Centenas de familiares, amigos e colegas de farda da PM e do Corpo de Bombeiros se despediram do cabo Edvaldo Teotonio, nesta tarde. O velório aconteceu na Central de Velórios durante o dia. A filha do militar foi a única que se pronunciou na hora do sepultamento. Muito emocionada, ela cobrou justiça.
“Ele foi um ótimo pai, meu herói, um grande amigo. Eu só quero que a justiça seja feita, porque eu não admito que isto esteja acontecendo com a minha família. Se matarem dez marginais, não vão substituir a vida do meu pai”, disse a jovem ao olhar para o rosto do pai no caixão.
Ao fim do sepultamento, um princípio de tumulto foi gerado no cemitério São José. A administração do local se equivocou de jazigo e familiares de outro enterro que seria feito pediram que a troca fosse feita.
*Com Gazeta Web