Jornada comemora os 25 anos de transplante de coração em Alagoas

Sem títuloO marco dos 25 anos do primeiro transplante cardíaco realizado em Alagoas é celebrado no seminário Transplante de Coração em Alagoas – Ano 25, Jornada comemorativa, no Hotel Radisson. O evento foi iniciado nessa terça-feira (12) e prossegue até sábado (15), como uma realização do Instituto de Doenças do Coração de Alagoas, e apoio da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). O seminário, que reúne especialistas de Alagoas, Espírito Santo e Sergipe, contou com uma solenidade emocionante em seu primeiro dia, onde 15 das 31 pessoas transplantadas vivas foram homenageadas com certificados e bolo de aniversário.

De acordo com presidente do Instituto, cardiologista e precursor do transplante em Alagoas, José Wanderley, além de celebrar o marco dos 25 anos de transplante, o evento visa ainda promover a atualização sobre o assunto. “Fizemos 31 cirurgias de transplante, com duas mortes no período inicial (primeiros 30 dias após a cirurgia), o que representa 6% de mortalidade, considerada baixa em se comparando com a literatura mundial, que supera os 10%. Temos o segundo mais velho transplantado do país, com 25 anos de cirurgia”, explicou.

José Wanderley contou um pouco da trajetória desta modalidade de cirurgia em Alagoas, lembrando que os cardiologistas Luiz Daniel da Fraga Torres (do Espírito Santo) e José Teles de Mendonça (Sergipe) enfrentaram com ele o desafio de iniciar o transplante de coração no Estado. Teles ressaltou que está há 40 anos em Alagoas e que a solenidade é histórica, uma vez que a equipe enfrentou momentos de sofrimento e luta até a felicidade dos resultados obtidos.

O secretário de Estado da Saúde, Jorge Villas Bôas, representou o governador Teotonio Vilela na jornada, e lembrou que os Estados Unidos fazem 24 vezes mais transplante de coração que o Brasil, mas reconheceu que celebrar 25 anos de um transplantado em Alagoas é um milagre. “Para aumentarmos o número de transplante no Estado, um dos principais fatores é fortalecer o SUS. É necessário que se defina um financiamento mais adequado para que a política de saúde seja mais eficiente no Estado e no país”, reforçou Villas Bôas.

Na ocasião, receberam placa de reconhecimento pelos serviços prestados ao transplante em Alagoas os cardiologistas Luiz Daniel Fragoso; Emerson Casado e José Teles de Mendonça. Um dos momentos que levou a plateia às lágrimas se deu quando o médico Luiz Daniel entregou para o então aluno e cirurgião cardíaco Emerson Casado a placa de reconhecimento pela dedicação à causa.

Casado integrou a equipe e parou de operar por causa do problema de esclerose lateral amiotrófica (também conhecida pela sigla ELA), uma doença que compromete a musculatura e causa deficiência motora progressiva. Com dificuldade ao falar, ele relembrou os momentos que antecederam o primeiro transplante em Alagoas e que o coração veio de Recife.

Transplantados – O aposentado Paulo de Souza, de 44 anos, recebeu há 24 anos um novo coração e diz que, até então, vivia dando entrada em hospitais públicos. “Fui operado em 19 de abril de 1990 quando tinha 19 anos e sentia muita dor no peito e falta de ar. Eu me aposentei antes da cirurgia porque não conseguia trabalhar. Hoje sei o que é viver”, disse em tom de comemoração. A irmã dele Maria José, de 46 anos, fez a mesma cirurgia em Alagoas.

O depoimento da transplantada Adriana Pereira de Oliveira, 39 anos, emocionou o público. “Eu tinha apenas seis meses de vida e hoje faço seis anos (fazendo referência ao tempo de operada)”, disse bastante emocionada. Foram homenageados com certificados por fazer parte da história de superação e celebração à vida Fabiano, Aneilton, Flávio, Luis Antônio, Adriana, João Batista, Fátima, Josefa, Maria José de Souza, Amaury, Paulo Souza e Francisco Sebastião. O primeiro transplante humano foi feito em 1967, pelo cirurgião sul-africano,Christiaan Barnard e, em Alagoas, começou em 1989 pelos cardiologistas Teles e Wanderley.

Participaram ainda da solenidade de abertura do seminário a presidente da Central de Transplante Kelly Karina Brandão; o diretor médico da Santa Casa, Artur Gomes Neto; Antônio Di Biasi, do Instituto de Doenças do Coração. Nesta quinta (13), acontece no Hotel Radisson, o 24º Fórum Científico, que congregará mais de dez eventos simultâneos, e conta com especialistas da cardiologia de várias partes do mundo.

 

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