Para Aécio, ‘diabo se envergonharia’ da campanha feita pelo PT

Sem títuloCandidato derrotado do PSDB à Presidência, o senador Aécio Neves (MG) afirmou nesta quarta-feira (5), durante reunião da Executiva Nacional do PSDB que contou com a presença de líderes de outros partidos oposicionistas, que o “diabo se envergonharia de muitas coisas que foram feitas durante a eleição deste ano”, referindo-se à campanha do PT, partido que saiu vitorioso na disputa presidencial. A declaração do tucano foi uma resposta a uma declaração da presidente reeleita Dilma Rousseff do ano passado, na qual ela afirmou que se pode “fazer o diabo na hora da eleição”.

“Essa campanha levará duas marcas muito claras. Uma delas protagonizada pelos nossos adversários, a campanha da infâmia, da mentira, da utilização absolutamente sem limites da máquina publica em benefício de um projeto de poder. Pelo menos cumpriram a palavra. Disseram que iam fazer o diabo. O diabo se envergonharia de muitas coisas que foram feitas durante essa eleição”, declarou o tucano, arrancando aplausos da plateia.

A frase polêmica de Dilma, que motivou a declaração desta quarta-feira de Aécio, foi dita em março de 2013, quando o PSB recém havia começado a cogitar o lançamento da candidatura do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos ao Palácio do Planalto. Na ocasião, Dilma afirmou durante uma cerimônia pública em João Pessoa que valia tudo durante a corrida eleitoral.

“Nós podemos disputar eleição, brigar na eleição, fazer o diabo na hora da eleição. Agora, quando a gente está no exercício do mandato, temos de nos respeitar, porque fomos eleitos pelo voto direto do povo brasileiro”, disse Dilma em 2013.

Na visão de Aécio Neves, o atual governo está “envergonhado pelas armas que usou para vencer a eleição presidencial deste ano. Ele ironizou a presidente reeleita durante a reunião da executiva tucana, afirmando que, apesar de ter perdido a eleição, ele coloca a “cabeça no travesseiro” e dorme “tranquilo”.

“Eu falei a verdade”, declarou o tucano, que aproveitou para criticar a alta de 0,25% da taxa Selic promovida na semana passada pelo Banco Central. “Eles nos acusaram de ser sermos os patrocinadores do capital financeiro. Diziam que votar no Aécio significava aumento de juros, estímulo ao capital especulativo. O que aconteceu? Taxas de juros aumentaram para combater inflação que, para eles, não existia”, ressaltou o parlamentar tucano.

Aécio Neves, que acumula as funções de senador com a presidência nacional do PSDB, retornou ao cenário político nesta terça (4), nove dias após o segundo turno da eleição presidencial. Em sua primeira aparição no Legislativo depois da derrota nas urnas, ele foi recepcionado por dezenas de simpatizantes e parlamentares oposicionistas na fachada do Congresso Nacional.

Na tentativa de demonstrar que a oposição está coesa, Aécio reuniu nesta quarta-feira, além de dirigentes e parlamentares do PSDB, representantes dos partidos que o apoiaram no primeiro e no segundo turno da corrida pelo Palácio do Planalto, como os deputados Rubens Bueno (PPS-PR), Mendonça Filho (DEM-PE), Roberto Freire (PPS) e Paulinho da Força (SD). Havia a expectativa de que o senador eleito de São Paulo, José Serra (PSDB), e o governador reeleito Geraldo Alckmin também prestigiariam o evento partidário, mas eles não compareceram.

‘Oposição vigorosa’
Na reunião desta quarta-feira da executiva do PSDB, Aécio propôs um pacto para construir no país uma “oposição revigorada”. O senador disse que vai criar um grupo com técnicos que analisarão as ações do governo em dez áreas, a fim de “municiar” e “qualificar” a atuação de parlamentares oposicionistas.

“Nós estamos, a partir de hoje, selando um pacto de construção de uma oposição revigorada, e por mais paradoxal que possa parecer, de uma oposição vitoriosa, porque disputamos essa eleição falando a verdade”, discursou Aécio ao abrir o encontro tucano na Câmara dos Deputados.

“Vamos juntos fazer a mais vigorosa oposição que esse Brasil já viu”, complementou o presidente nacional do PSDB.

Aécio comentou que seu avô Tancredo Neves dizia que “voto você nunca tem, voto você teve”. Por isso, segundo o parlamentar tucano, a oposição precisará “trabalhar muito” para manter “a chama acesa” nos 51 milhões de eleitores que votaram nele no segundo turno.

Apoio de aliados
Os aliados do senador tucano desfiaram elogios à atuação de Aécio Neves durante a campanha presidencial, na qual ele obteve 48,36% dos votos válidos, contra 51,64%, da presidente reeleita Dilma Rousseff.

“Aécio saiu muito grande desta eleição. Se superou durante a campanha e se mostrou como é ao Brasil: leal, sincero, aglutinador”, elogiou o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE). “Fico impressionado com a capacidade de agregar que tem o senador Aécio Neves”, disse o prefeito de Manaus e ex-senador Arthur Virgílio (PSDB).

A senadora Ana Amélia (PP-RS), que, teoricamente, faz parte da base governista, pediu que a oposição não se “disperse”. “Aécio é um estadista, mas acima de tudo um líder que carrega a emoção em seus atos”, disse a parlamentar gaúcha.

Os convidados também aproveitaram o evento para criticar o PT e a presidente Dilma Rousseff. O deputado Mendonça Filho foi aplaudido pela plateia ao celebrar a derrubada do decreto presidencial dos conselhos populares. “Acabamos com aquele decreto bolivariano”, destacou o líder da bancada do DEM na Câmara, autor do projeto que propõe a revogação do decreto presidencial.

“Quero ver agora ela [Dilma Rousseff] rever o fator previdenciário, como prometeu nos debates”, disse o deputado Paulinho da Força (SP), presidente nacional do Solidariedade.

Já o prefeito Arthur Virgílio destacou em meio ao evento as denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras. Ele afirmou que Dilma é uma “presidente fraca”, que irá à reunião do G20 com um “ministro demissionário”, referindo-se à presença do titular da Fazenda, Guido Mantega, na comitiva presidencial que viajará à Austrália para o encontro dos chefes de Estado dos 20 países mais ricos do mundo.

“O que ela [Dilma] tem contra o ministro Mantega, ao expor o ministro dessa forma à mídia? Ela tinha que ter apontado seu novo ministro de uma vez”, provocou o prefeito de Manaus.

 

Fonte: G1

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