Alagoas perde Dona Anézia, um dos Registros do Patrimônio Vivo
A mestra Anézia Maria da Conceição, 112 anos, a mais antiga benzedeira de Alagoas e Patrimônio Vivo do Estado, faleceu na madrugada desta quarta-feira (29), no município de Santa Luzia do Norte, área metropolitana de Maceió.
Dona Anézia, como era conhecida, obteve em agosto de 2011 o reconhecimento por meio do Registro do Patrimônio Vivo, concedido pelo Estado de Alagoas, através da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), pelo seu trabalho como rezadeira.
Em dezembro de 2013, o poeta e escritor Pedro Soares dos Santos, o “Pedão”, publicou o livro “Nossa terra, Nossa Gente”, onde descreve e cita Dona Anézia como filha ilustre de Santa Luzia, o único registro feito no município.
Segundo ele, ela era totalmente lúcida e sua última entrevista foi dada 15 dias atrás para uma emissora de TV, sobre as comemorações da consciência negra.
De acordo com Isac Silvestre Silva, neto da Dona Anézia, ainda não foi dado o laudo médico sobre o motivo do falecimento. No último fim de semana, Dona Anézia apresentou problemas na respiração e de glicose baixa, precisando tomar soro para se hidratar. Ela faleceu às 2h7min desta quarta-feira.
“O Estado perdeu uma grande mulher, uma grande guerreira. Uma pessoa que usou seu dom e a fé para ajudar as pessoas. Foram 112 anos ajudando as pessoas sem cobrar nada”, disse o bisneto.
Dona Anézia nasceu no povoado Apolônia, município de Satuba, em Alagoas. O oficio de parteira começou aos quinze anos e o de rezadeira aprendeu com seu pai, em Santa Rosa, Usina Utinga.
Moradora ilustre da comunidade quilombola de Santa Luzia do Norte, ela, apesar da idade avançada, mantinha a lucidez e continuava recebendo a todos que buscam sua palavra de fé.
O sepultamento ocorre nesta quarta, às 16h, no Cemitério São Paulo, em Santa Luzia do Norte. O velório ocorre na casa da família, no Bairro Quilombo, também em Santa Luzia do Norte.