Fiz uma besteira’, diz marido de delegada morta, segundo polícia

{8660e43d-920f-43af-8185-4fd0fe314a7e}_fbfb17376cdd23f9ae35d9332acf2d68fc36fe4fO marido de Tatiene Damaris Sobrinho Damasceno Furtado, delegada adjunta da 36ª DP (Santa Cruz), que assumiu ter matado a mulher nesta quinta-feira (23), na Zona Oeste do Rio, disse aos policiais que estavam na casa onde o corpo foi encontrado que fez “uma besteira”. A informação foi passada pelo delegado titular da Divisão de Homicídios, Rivaldo Barbosa.

A polícia acredita que o crime tenha sido premeditado, já que Alessandro Oliveira Furtado, de 39 anos, usou luvas o tempo todo. De acordo com Rivaldo Barbosa, ele tentou mudar cena do crime. Tatiene foi encontrada deitada no chão da cozinha, com hematomas pelo corpo e um travesseiro próximo à cabeça.

“Foi um ato covarde, cruel, armado e sem escrúpulos com a vida humana”, definiu o delegado que enumerou uma série de contradições que levaram a polícia a descobrir que o viúvo era o criminoso.

Segundo o delegado, Tatiene teria morrido entre 4h e 9h, mas seu marido só chamou a policia entre 12h e 13h. Alessandro, que é estudante de Direito, contou inicialmente que encontrou a mulher morta quando voltou da faculdade, para onde foi depois de entregar a filha ao transporte que a levaria para a creche, por volta das 6h.

“Na faculdade se apurou que foi a aula mais participativa que ele teve na vida, numa nítida forma de criar um álibi. Antes, a pessoa que faz o transporte da filha para a creche achou estranho que ele tenha levado a criança até o carro. Normalmente, isso era feito pela Tatiene”, disse Rivaldo.

Durante os primeiros relatos aos delegados que foram à casa, Alessandro afirmou que suspeitava que grupos criminosos teriam invadido a casa – o que fez a polícia ficar alerta sobre uma possível participação de milicianos no crime. Depois, afirmou que acreditava que se tratava de um latrocínio (roubo seguido de morte).

“Só que os sinais de luta, a dessarrumação da casa não eram compatíveis com o que se vê numa invasão. Não havia qualquer sinal de arrombamento. A porta estava trancada quando a polícia chegou. Além do mais, os agentes não perceberam tristeza pela perda de um ente querido. Ele estava assustado com o que tinha acontecido”, acrescentou o delegado.

Confissão

Ainda de acordo com Rivaldo, ao ser levado para a DH na quinta-feira à tarde, Alessandro contou que os ferimentos que exibia na face e no pescoço tinham sido provocados pela coleira do cachorro. Mas uma primeira avaliação da coleira mostrou que ela era arredondada e não provocaria aqueles tipos de lesão, disse Rivaldo.

Alessandro, então, voltou à casa, à noite, com os delegados para fazer uma reprodução simulada do crime. Foi então, que ao chegar ao local que estava sendo periciado, chamou um dos delegados e falou: “Doutor, fiz uma besteira”.

O estudante falou que o casamento, que já durava 5 anos, não estava indo bem. Ele diz que, antes da luta corporal que culminou na morte da policial, tinha apresentado os papéis do divórcio e que nesse momento, a delegada teria “se insurgido” contra ele. Alessandro afirma que a policial teria pego a arma e estaria com dedo no gatilho. Contou ainda que a derrubou no chão e com um braço pressionava a mulher pelo pescoço e com o outro tentava tirar a arma de Tatiene. E acabou matando a delegada.

“Se ela realmente estivesse com dedo no gatilho, teria disparado. Mesmo um espasmo muscular causaria o disparo. Essa versão também não é verdade, já que depois encontramos a arma da delegada escondida debaixo do móvel na sala”, observa Rivaldo.

Os policiais ainda encontraram na casa uma gambiarra feita com fios elétricos. Rivaldo investiga se o equipamento tenha sido usado para dar choques na mulher. Mas não acredita que ele o tenha feito com a intenção de reanimá-la após a asfixia.

A polícia acredita que há ainda outras contradições no depoimento. Segundo o delegado da DH, está sendo investigado um suposto histórico de violência de Alessandro contra sua primeira mulher. Uma amante do estudante foi ouvida na delegacia, mas não foi encontrada qualquer relação dela com o crime.

Alessandro foi indiciado por homicídio qualificado por asfixia. Ele foi preso em flagrante Cerca de 200 policiais, entre delegados e agentes, participaram da investigação porque inicialmente se pensava que a morte da delegada era fruto de um ataque de milicianos.

A polícia também constatou que Tatiene fez um seguro de vida no nome do filha mais velho, de 17 anos, fruto de outra união e da criança de 3 anos que teve com Alessandro.

Suspeita de vingança

A polícia chegou a pensar que, pelas caracaterísticas do homicídio, o crime poderia ser uma vingança, já que a área onde a delegada morava é dominada por milícias. Ainda segundo agentes da Polícia Civil, a Divisão de Homicídios convocou os delegados da região onde Tatiene foi encontrada morta para uma reunião em caráter emergencial.

Ainda de acordo com a nota da Polícia Civil, equipes da delegacia estavam em busca de testemunhas e imagens de câmeras de segurança da região que possam ajudar nas investigações.

Carreira

Tatiene entrou na Polícia Civil, em 2005, como papiloscopista. Em 2008, ela foi aprovada no cargo de delegado de polícia. A delegada trabalhou na 34ª DP (Bangu) e 35ª DP (Campo Grande) e, desde agosto desse ano, atuava como delegada assistente da 36ªDP (Santa Cruz). Todas as unidades ficam da Zona Oeste, região que concentra grupos de milicianos. Damaris trabalhou em investigações como a que apurou o rompimento de uma adutora na Zona Oeste em 2013.

Fonte: G1

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