EUA estão dispostos a se unir a Cuba na luta contra o ebola

cubamedicoebolartsenrique-de-la-osaOs Estados Unidos estão dispostos a colaborar com Cuba na luta internacional contra o ebola na África Ocidental, segundo confirmou nesta terça-feira à Agência EFE um porta-voz do Departamento de Estado que preferiu não se identificar.

“Celebramos a oportunidade de colaborar com Cuba para enfrentar este surto de ebola”, declarou o funcionário americano, que destacou a “significativa contribuição” do país caribenho, com o envio de centenas de médicos à África.

O ex-presidente cubano Fidel Castro ofereceu neste final de semana a Washington a cooperação de seu país perante a ameaça da doença.

A porta-voz adjunta do Departamento de Estado, Marie Harf, não descartou na segunda-feira a possibilidade de uma conversa a respeito entre Estados Unidos e Cuba, que carecem de relações diplomáticas há mais de meio século, mas disse desconhecer se o governo americano está aberto a isso.

Cuba enviou uma segunda leva de profissionais de saúde à África Ocidental para ajudar a combater o vírus Ebola, informou nesta quarta-feira a imprensa local. Os 83 profissionais de saúde serão divididos entre Libéria (49) e Guiné (34), e vão se juntar a outros 165 médicos e enfermeiros cubanos que trabalham há algumas semanas em Serra Leoa.

O anúncio do envio de mais médicos foi feito depois de uma reunião de países aliados na América Latina, entre eles Cuba e Venezuela, em que foi aprovado, na segunda-feira, um plano de ação para impedir a propagação do Ebola e ajudar os países africanos a enfrentarem a doença.

15 mil médicos e enfermeiros cubanos se candidataram
Médicos e enfermeiros cubanos que partem para a África Ocidental para combater o ebola se consideram sortudos. Entre os 15 mil profissionais que se ofereceram, eles estão entre apenas os 256 que foram selecionados para o trabalho.

“Houve brigas, discussões acaloradas, com alguns médicos perguntando: ‘Como é que o meu colega vai e eu não posso?'”, disse o doutor Adrian Benitez, de 46 anos, nesta terça-feira, poucas horas antes de embarcar para a Libéria.

Apesar de um alarme global sobre o pior surto de ebola na história, médicos cubanos estão ansiosos para viajar à África Ocidental e começar a curar os doentes.

Apelidados de “Exército de jalecos brancos” e citando uma longa história de missões médicas cubanas na África e em outros lugares, eles falam de um sentido de dever e estão dispostos a assumir os riscos.

“Sabemos que estamos lutando contra algo que não compreendemos totalmente. Sabemos o que pode acontecer. Sabemos que estamos indo para um ambiente hostil”, disse Leonardo Fernández, de 63 anos. “Mas é nosso dever. É assim que fomos educados.”

O vírus ebola já matou mais de 4.500 pessoas desde março, a maioria em Serra Leoa, Guiné e Libéria. Os números incluem mais de 200 trabalhadores da saúde.

No entanto, outros 205 médicos passaram por um curso de formação de três semanas em Cuba, com extensa prática no uso das vestimentas de proteção, mas ainda têm de ser autorizados a integrar a missão contra o ebola.

trata-se do mais recente exemplo de diplomacia médica de Cuba. A ilha caribenha já enviou equipes médicas para locais de desastres em todo o mundo desde a revolução de 1959 que levou Fidel Castro ao poder.

Vários dos médicos repetiram uma frase frequentemente citada dentro da cultura médica de Cuba: “Nós não oferecemos o que temos de sobra. Nós compartilhamos o que temos.”

“Somos capazes de compartilhar este pouco que temos

quando as pessoas precisam. É um conceito básico”, disse Fernández.

Os profissionais recrutados para as missões contra o ebola foram submetidos a três semanas de treinamento no Instituto de Medicina Tropical Pedro Kouri, nos arredores de Havana, onde os treinadores montaram um hospital de campanha para simular as condições na África Ocidental.

Caso médicos ou enfermeiros cubanos contraiam o ebola na África Ocidental, eles serão tratados em um local especial para os trabalhadores humanitários internacionais, disse o diretor do Instituto Pedro Kouri, Jorge Perez.

Todos eles serão mantidos por pelo menos 21 dias em observação no hospital ao retornar a Cuba, o mesmo tempo que qualquer visitante que vem à ilha dos países afetados também é submetido.

Apesar dos riscos e inconvenientes, Ivan Rodríguez, de 50 anos, disse que sua família estava orgulhosa e o apoiava.

“Eu teria ficado desapontado e triste se eles tivessem ficado com medo por eu dar este passo”, disse Rodríguez. “Agora, há 15 mil (voluntários). Estou convencido de que poderia haver mais de 15 mil.”

Atualmente, mais de 50 mil profissionais cubanos da área de saúde trabalham em 66 países, incluindo o Brasil, segundo autoridades da ilha.

 

 

Fonte: EFE

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