Polícia aponta aumento de 18,93% no nº de desaparecidos em AL

O número de pessoas desaparecidas no estado de Alagoasaumentou 18,93% em um ano, segundo informações de um levantamento realizado pela Polícia Civil de Alagoas, que compara os meses de janeiro a setembro de 2013 e 2014.

Foram 338 casos registrados no primeiro ano contra 402 ocorrências no mesmo período do ano seguinte. Os números levam em consideração apenas os casos registrados em boletins de ocorrência.

Os dados da polícia mostram que o município com o maior número de ocorrências é a capital, Maceió, que registrou 218 desaparecimentos até setembro deste ano. Em 2013, foram 197 pessoas desaparecidas, um aumento de 10,66%.

O levantamento ainda mostra que a faixa etária com o maior número de casos é entre 12 e 17 anos. São jovens como Davi da Silva, de 17 anos, que desapareceu no dia 25 de agosto após uma abordagem policial, no conjunto Cidade Sorriso I, no Benedito Bentes.

Um amigo de Davi, que pediu para não ser identificado com medo de represálias, conta que os dois estavam com uma pequena quantidade de maconha quando foram revistados por militares da Radiopatrulha (RP). Durante a abordagem, o adolescente ficou nervoso e passou a droga para o amigo. Ainda segundo a descrição do jovem, os policiais acharam que Davi era traficante e o colocaram na viatura da RP. Depois do episódio, o jovem não foi mais visto.

Desde então a mãe de Davi, Maria José da Silva, iniciou uma busca incansável pelo paradeiro do adolescente. Ela informou que já tentou todas as autoridades locais, mas ninguém sabe dizer o que aconteceu com o filho dela.

“Eu ando sempre panfletando e colando cartazes com a foto dele [Davi] em órgãos públicos e estabelecimentos comerciais. Eu já coloquei até no IML [Instituto Médico Legal], no batalhão de polícia, na Secretária de Direitos Humanos, Central de Polícia e em pontos de ônibus, mas ninguém sabe me informar se o viu”, diz a mãe.

Na última sexta-feira (17), o corregedor geral da PM, coronel Elias, afirmou que a sindicância interna aberta para apurar os fatos não encontrou ligações entre a equipe da RP que fazia rondas no local e o desaparecimento do jovem.

Dona Maria conta que depois que o menino desapareceu, aumentaram os problemas de saúde dela. “Depois do desaparecimento, eu fico nessa aflição. Quando a delegada do caso me pediu pra ir até o IML para reconhecer uns corpos, eu passei mal. A única coisa que eu queria era estar perto do meu filho no Natal, ele sempre gostou tanto”, desabafa.

De acordo com a gerente do setor de levantamentos da Polícia Civil de Alagoas, Eliane Gonçalves de Araújo, após o desaparecimento das vítimas, a família deve esperar o prazo de um dia para procurar as autoridades.

“Os amigos, ou família devem esperar um prazo de 24 horas para procurar a polícia e registrar o Boletim de Ocorrência. Após a realização do boletim, a polícia vai iniciar as investigações, visitar os locais onde ela frequentava, os amigos com quem tinha contato, procurando diminuir a gama de possibilidades e facilitar o trabalho de encontro dessa pessoa”, explica a gerente.

O levantamento, entretanto, não traz o registro de pessoas encontradas. “Infelizmente os familiares não retornam aqui [à delegacia] para nos informar do aparecimento das vítimas, o que dificulta bastante na hora que vamos realizar um levantamento”, conta Eliane.

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A estatística de pessoas desaparecidas deve ser mais precisa após a implantação de um sistema integrado que permita registrar ocorrências digitalmente. “O sistema atual é antigo, foi criado no ano de 2002 e, naquela época, nem todas as delegacias do estado tinham acesso à internet. Muitos boletins de ocorrências foram feitos manualmente, então na hora de levantar os dados, nós encontramos uma deficiência grande”, afirma a gerente do setor de levantamentos da polícia.

O novo sistema é um trabalho integrado da polícia, Ministério Público Estadual (MP) e Tribunal de Justiça. A proposta é facilitar as buscas pelos desaparecidos. “Esse sistema integrado já foi criado, e estaremos utilizando ele em breve. Como é um sistema integrado, as informações não vão se perder, e facilitará muito o serviço da polícia de Alagoas”, avalia Eliane.

 

Fonte: G1

 

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