Menor que sobreviveu a chacina diz estar vivo porque munição acabou
O menino de 12 anos que sobreviveu à chacina de segunda (13) em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, contou a investigadores da Polícia Civil que só escapou de ser assassinado porque as balas dos criminosos acabaram, pouco depois de ser atingido na barriga. Antes, eles perguntaram aos seis jovens se eram traficantes. Os outros 5 morreram.
Em nota, a Anistia Internacional condenou a violência e lembrou que o Brasil é um dos países com mais homicídios no mundo. “A Anistia Internacional manifesta seu repúdio à violência indiscriminada que atinge os jovens brasileiros, em especial moradores de favelas e bairros de periferia”, diz o texto.
O delegado titular da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense, Pedro Henrique Medina, disse nesta terça-feira que a principal linha de investigação da chacina ocorrida na noite de segunda (13) no Parque Paulista é a ação de grupos de extermínio. Por volta das 20h30, um bando de cinco criminosos encapuzados chegou de carro e atirou contra os seis jovens que tinham entre 12 e 21 anos. Segundo a policia, três morreram no local e outros dois após atendimento no hospital. O único sobrevivente foi o menino de 12 anos, que segue internado.
“Ainda estamos apurando a motivação dos crimes. É um caso difícil, já que os atiradores usavam toucas ninjas. Pelo modus operandi, tudo indica que foi uma ação de um grupo de extermínio”, explicou.
De acordo com o delegado, um dos jovens mortos tinha passagem pela polícia. Policiais da Divisão de Homicídios dizem que o motivo da prisão seria por roubo. Para o titular, essa informação ainda não indica uma motivação para as mortes. “Apesar da passagem, ainda não é possível fazer alguma ligação”, disse Medina.
Ainda segundo o delegado, a polícia já realizou ações contra o tráfico e contra grupos de milícia anteriormente na região do Parque Paulista. No entanto, ainda é prematuro definir se os ataques teriam partido de um desses grupos.
“Ainda vamos ouvir familiares em um segundo momento. A linha de investigação de grupos de extermínio pode significar uma ordem para limpar a área, por exemplo. Existem ações como essa que estão inseridas no contexto de atuação da milícia ou da briga de facções, mas ainda é prematuro dizer”, declarou.
Os jovens maiores de idade foram identificados como Denis Alberto de Jesus e Paulo Sérgio, ambos de 18 anos. Um deles, segundo testemunhas, estaria usando uniforme da escola. Segundo moradores do local, os menores se conheciam e estavam juntos na rua na hora do crime, após uma partida de futebol.
Pedido de paz e justiça
Moradores do Parque Paulista se reuniram na esquina das ruas 36 com a 22, local dos crimes, com cartazes pedindo paz e o fim da violência na região. Segundo eles, as mortes foram uma “covardia”.
“Eles passaram atirando por volta de 20h30 da noite. Foi uma covardia, poderia ter sido qualquer um de nós. Eram crianças que estavam voltando para casa depois do futebol”, explicou a cunhada de uma das vítimas, que preferiu não se identificar.
Por volta das 11h desta terça, ainda era possível ver um lençol e sacos plásticos sujos de sangue no local das execuções. A PM fazia patrulhamento na região.
Para a população, o bairro sofre com a falta de policiamento ostensivo e com o aumento dos assaltos. “Saio para trabalhar com medo, os bandidos chegam armados e roubam todo mundo no ponto de ônibus”, relatou outra moradora, que também preferiu ter sua identidade em sigilo.
Fonte: G1