Conheça e evite os três ‘pecados capitais’ de quem fala em público

{e01d3f7c-296b-446a-9a8e-9d3b0acb3e58}_gafesO consultor Mac Macdonald, que trabalha com treinamento de executivos, cometeu uma gafe ao falar em público que ele jamais esquecerá. Quem estava na plateia também não vai esquecer tão cedo.

No começo de carreira, ele estava dando um seminário a funcionários do Exército da Salvação em Los Angeles.

“Eu estava falando sobre metas, e não tinha formulado exatamente como queria dizer uma frase”, conta Macdonald.

Ele estava entre duas frases. A primeira era “Quero que vocês foquem nas suas metas” (“focus on your goals”, em inglês). A segunda era “Quero que vocês primeiro foquem nas suas metas” (“first focus on your goals”).

Indeciso, ele engasgou na frase, e o que acabou saindo foi “I want you to fart” – “eu quero que vocês peidem”.

O consultor tentou ignorar o erro, mas a situação saiu do controle quando seu microfone de lapela transmitiu a todos o diálogo entre duas mulheres na fileira da frente – uma delas com problemas de audição.

“Você ouviu o que ele disse, Irmã Therese? Ele quer que a gente peide. Como isso vai nos ajudar a focar nas nossas metas?”

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Esse tipo de gafe ao falar em público é um caso extremo. Mas erros no preparo de apresentações podem prejudicar todo o discurso elaborado – e também abalar a confiança que a plateia tem no orador.

Na era dos smartphones, o perigo é que situações assim acabem “imortalizando” o orador na internet – por todos os motivos errados.

Com isso, a importância de se preparar bem para falar em público ganha importância.

Veja três “pecados capitais” de quem fala em público e como se preparar para não errar:

PECADO 1: FALTA DE SINCERIDADE

Em uma palestra da série TED, que já foi assistida 1,2 milhão de vezes na internet, uma oradora fala sobre como as pessoas não costumam levar a sério portadores de deficiência. Sentada em uma cadeira de rodas, ela conta que não quer servir de inspiração aos demais só por causa de sua deficiência.

Ninguém na plateia têm motivo para duvidar da importância do tema para a oradora – a sua presença em uma cadeira de rodas já demonstra, sem necessidade de falar qualquer palavra, o quão sincero e autêntico é seu discurso.

Plateias estão sempre a procura de impostores. Para convencê-los, é preciso deixar claro por que o assunto interessa ao orador, diz Andreas Franken, consultor para discursos públicos de Bonn, na Alemanha.

As pessoas não estão só ouvindo o que você fala. Elas estão absorvendo o que está acontecendo no palco e decidindo se acreditam no que você está falando.

Em muitos casos, a sinceridade é detectada nos gestos. E muitos desses gestos precisam ser naturais, e não podem ser ensaiados demais.

Um exemplo é o gesto feito por John Kerry, atual secretário americano de Estado, quando ele ganhou,, em 2004, a indicação do Partido Democrata para concorrer à Presidência.

Diante da plateia, Kerry levantou seu braço e falou, jocosamente: “Sou John Kerry e estou me apresentando para o batente.”

Franken observa: “Kerry parecia tão ‘duro’ e muitos ficaram se perguntando se ele realmente estava falando sério.”

Outro problema é usar poucos gestos. Há quem aprenda apenas um gesto – como mexer o braço – e o repete ao longo do discurso.

“Quando toda a sua personalidade está presente no discurso, você soa mais vivo e autêntico.”

PECADO 2: VAIDADE

Nada soa mais vaidoso e egocêntrico do que uma pessoa que não presta atenção na sua plateia.

Um exemplo são os executivos que participam de videoconferências com pessoas de várias partes do mundo e começam a reunião dizendo “Bom dia” – quando na verdade parte da plateia está no turno da tarde ou noite.

Se objetivo é convencer a plateia, eles não vão levar a sério ninguém que não esteja preocupado com eles. A tarefa de convencimento do orador passa a ser muito mais difícil.

A consultora francesa Judy Gould conta que um discurso de uma especialista em liderança de uma famosa universidade americana foi um fracasso retumbante na França, porque a oradora estava completamente por fora da mentalidade europeia.

Quase todos os maus exemplos de liderança citados pela especialista envolviam escândalos sexuais – um tema pertinente nos Estados Unidos, mas com pouco impacto na Europa.

“Europeus não dão bola para escândalos sexuais”, diz Gould.

Uma boa dica é dirigir-se diretamente à plateia de tempos em tempos, com frases como “eu sei que muitos de vocês aqui hoje vieram de longe” ou “sei que alguns de vocês são novos neste negócio”.

O uso da palavra “você” ou “alguns de vocês” é recomendado.

PECADO 3: METÁFORAS INFELIZES

Cada setor tem seu “jargão” de metáforas. No mundo dos negócios, muitas delas estão relacionadas a viagens. É comum se ouvir em “tempestades” ou “maré baixa”. Na política, as metáforas costumam ter um cunho moral ou religioso. Um exemplo é o “Eixo do Mal”, termo usado pelo ex-presidente americano George W. Bush para descrever seus países inimigos.

Mas quando as metáforas são repetidas à exaustão, elas perdem sua força e não geram mais os mesmos efeitos.

O linguista britânico Jonathan Charteris-Black recomenda que se “recicle” essas metáforas na forma de tiradas bem-humoradas.

Ele cita um exemplo de clichê que pode ser “reciclado”: “Antigamente a subida da maré levantava todos os barcos. Hoje em dia, ela só anda levantando os iates”.

O importante, segundo o especialista em discursos Simon Lancaster, é sempre usar metáforas que podem ser facilmente compreendidas pelo público.

No fundo, o ato de convencer alguém é um esforço de sedução com o uso de todas as armas possíveis: a própria presença, a energia ao falar, a atitude e a escolha de palavras.

“Um bom orador não impõe suas visões de uma forma aberta”, diz Lancaster. “Ele costura uma proposta entre as ideias já existentes na plateia, de tal forma que o público acha que foram eles quem pensaram naquela ideia.”

 

Fonte: BBC

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