Lei eleitoral impede prisão de ex que espancou mulher com barra de ferro

h5d39tyg7_23imvzi69f_file—A Lei Maria da Penha, na minha opinião, não veio para acrescentar nada. Ela só te vende uma falsa sensação de segurança, uma ilusão.

As palavras são da fotógrafa Flávia Stefânia, de 34 anos, de Elói Mendes, no sul do Estado, e resumem a revolta de quem já contabiliza nove boletins de ocorrência e três medidas protetivas em cinco anos contra o ex-namorado, Edmilson de Oliveira Silva, com quem ela tem um filho. Nenhuma ação judicial foi suficiente, no entanto, para impedir que ele a espancasse com uma barra de ferro no último dia 27 de setembro. A Justiça decretou a prisão preventiva do agressor na última quarta-feira (1º), mas a legislação impede que qualquer eleitor seja preso a partir do dia 30 de setembro até 48 horas após as eleições, exceto em casos de flagrante.

Indignada, Flávia publicou imagens chocantes em seu Facebook, feitas no hospital, logo após o crime. Ainda coberta de sangue devido à gravidade dos ferimentos, a fotógrafa protestou contra a “brecha” na lei, que mantém o criminoso andando livremente nas ruas da cidade onde tudo aconteceu.

O crime ocorreu na entrada de um motel da cidade. Flávia e um amigo estavam próximos à um posto de gasolina, decidindo se iriam sair pela cidade ou seguir viagem até o município vizinho de Varginha, quando notaram a presença de Edmilson, que já rondava os dois. Com medo, eles entraram no carro e continuaram o caminho, mas foram perseguidos. As vítimas tentaram se esconder no estabelecimento, mas o suspeito rapidamente os cercou e partiu para cima dos dois com uma barra de ferro. O amigo da fotógrafa chegou a desmaiar e, com medo de ser preso, Edmilson fugiu.
Muito feridos, os dois foram levados para o hospital. O delegado Otávio Miari Branquinho entrou com pedido de prisão já na segunda-feira (29), logo após colher os depoimentos, mas só recebeu o retorno da Justiça dois dias depois. Agora, o delegado terá que aguardar a próxima quarta-feira (8), após as votações, para cumprir a determinação. Até lá, o agressor é considerado foragido.

Com medo e ainda se recuperando do espancamento, a fotógrafa teme agora a repercussão que o caso tomou e a reação do ex-namorado, que não aceita o fim do relacionamento.

—Um voto vale mais do que uma vida.

Ele continua andando como se nada tivesse acontecido. E eu estou escondida, com medo, sem saber o que vai acontecer.

 

 

Fonte: R7

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