Dilma justifica discurso ao responder se foi à ONU também como candidata

a76c00bf4c65d37d5070de628888fb9ca5b4b602A presidente Dilma Rousseff justificou nesta quarta-feira (24), em Nova York, a linha do pronunciamento que fez na abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, no qual mencionou conquistas sociais do governo.

Indagada se estava nos Estados Unidos também como candidata, afirmou que os quatro discursos que fez desde 2011 são “muito parecidos” – tradicionalmente, é o presidente brasileiro quem abre a sessão da assembleia.

Em resposta à indagação, ela afirmou em entrevista após o pronunciamento desta quarta:

Os meus quatro discursos são muito parecidos no que se refere a eu falar sobre uma questão fundamental – eu falar que o Brasil reduziu a desigualdade, diminuiu a desigualdade, aumentou a renda, ampliou o emprego, em todos os discursos. Em todos eles.”
Presidente Dilma Rousseff

“Olha, eu sugiro que vocês olhem os meus quatro discursos. Os meus quatro discursos são muito parecidos no que se refere a eu falar sobre uma questão fundamental – eu falar que o Brasil reduziu a desigualdade, diminuiu a desigualdade, aumentou a renda, ampliou o emprego, em todos os discursos. Em todos eles. Porque isso é um valor aqui. É um valor que o mundo reconhece que nós fizemos isso”, declarou.

Segundo ela, em 12 anos (período que inclui o governo dela e os dois mandatos do antecessor Luiz Inácio Lula da Silva), o Brasil obteve uma redução da desigualdade “que poucos países no mundo tiveram”.

“Então, eu digo isso porque eu, como chefe de governo, eu tenho imenso orgulho disso. E acho que uma parte do respeito que o Brasil tem no plano internacional decorre do fato de a gente ter feito isso”, declarou.

De acordo com a presidente, nenhum país ou família respeita chefes que “não melhoram a vida dos seus”.

“Então, ter melhorado a vida do Brasil, ou seja, ter saído do mapa da fome, ter diminuído a pobreza, num mundo que desemprega centenas de milhões de pessoas… centenas de milhões – porque só o G20 [grupo de países com as 20 maiores economias] está desempregando 100 milhões. Nós criamos emprego. Então este é um valor. Acho que é um valor para o Brasil e é um valor para ser afirmado internaiconalmente em todas as minhas vindas à ONU”, declarou.

Além das questões sociais no Brasil, a presidente criticou durante o discurso, de 23 minutos de duração, o uso de intervenções militares para a resolução de conflitos bélicos.

Meio ambiente
Durante a entrevista, Dilma também explicou o motivo de o Brasil não ter assinado a  “Declaração de Nova York sobre Florestas”. O documento foi apresentado na Cúpula do Clima na terça-feira (23) e prevê reduzir pela metade o desmatamento até 2020 e zerá-lo até 2030. Segundo a ONU, 150 parceiros assinaram a declação, incluindo 28 governos, 35 empresas, 16 grupos indígenas e 45 ONGs e grupos da sociedade civil.

A presidente destacou que a declaração não foi proposta pela ONU, mas por três países (Alemanha, Reino Unido e Noruega) que não consultaram o Brasil sobre o teor do acordo.

“Por que é que o Brasil se recusou a assinar? Primeiro, porque não nos consultaram. Somos um país com uma grande quantidade de florestas. […] Nunca nos consultaram”, disse Dilma.

Ela também afirmou que a proposta contraria a legislação brasileira. “Tem uma segunda questão: eles propõem algo que é contra a lei brasileira. A lei brasileira permite que nós façamos o manejo florestal. Muitas pessoas vivem do manejo florestal, que é o desmatamento legal sem danos ao meio ambiente”, declarou. “Contraria e contrapõe a nossa legislação.”

Ela também voltou a citar durante a entrevista os dados relacionados à proteção do meio ambiente no Brasil nos últimos anos. Assim como fez na Cúpula do Clima e na Assembleia Geral, destacou ações do governo brasileiro para proteger o ambiente e reduzir a emissão de gases poluentes na atmosfera.

A presidente disse ainda que o Brasil “tem moral” para falar sobre redução da emissão de gases do efeito estufa. “Acho importantíssima a discussão do meio ambiente. Eu, à época ministra da Casa Civil, coordenei a delegação na conferência relacionada a Copenhague 2015 e, naquele momento, o Brasil definiu uma redução voluntária entre 36% e 39% da emissão de gases do efeito estufa. E nós temos moral para falar isso porque de 2010 até hoje reduzimos, ano a ano, 650 milhões de toneladas de dióxido de carbono de emissão”, destacou a presidente.

Iraque
Ao defender a diplomacia como forma de resolução de conflitos entre os países em vez de intervenções militares, assim como havia feito durante o discurso na Assembleia Geral, a presidente afirmou aos jornalistas que houve uma “dissolução” do Estado iraquiano e repudiou o uso de bombas em ações militares.

Segundo Dilma, os fatos “gritam” para mostrar que não há paz no Iraque. Ela argumentou dizendo que intervenções militares no país não resultaram em paz.

“Vocês acreditam que bombardear resolve o problema? Se resolvesse, eu acho que estaria tudo resolvido no Iraque. […] Não vamos esquecer o que ocorreu no Iraque. Houve uma dissolução do Estado iraquiano, uma dissolução. Hoje a gente querer simplesmente bombardear dizendo que resolve, porque o diálogo não dá, acho que não dá, porque o bombardeio não leva a consequências de paz”, afirmou a presidente durante a entrevista coletiva.

Ela disse ter obrigação, como presidente do Brasil, de defender que ações de bombardeio não se repitam.

 

 

Fonte: G1

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