Depois de vida de luxo, Abdelmassih come ‘prato feito’ em cela de 14 m²
Depois de morar três anos e sete meses em uma mansão de 700 m² com a mulher, Larissa Sacco, de 37 anos, e com os dois filhos no Paraguai, o ex-médico Roger Abdelmassih, 70, divide chuveiro, vaso sanitário e uma cela de 14 m² com outros cinco presos na Penitenciária de Tremembé, interior de São Paulo.
A situação atual de Abdelmassih é bem diferente daquela vivida na cidade de Assunção, capital paraguaia, quando era vizinho do presidente do país, Horacio Cartes (confira a arte completa comparando as situações no final desta reportagem).
Cercado de luxo e conhecido na região como “Ricardo”, nome falso, o ex-médico condenado a 278 anos por estuprar suas pacientes andava tranquilamente pelas ruas e frequentava restaurantes de alto padrão, onde costumava pedir pratos típicos da culinária italiana — nhoque e penne, acompanhados de espumante rosé.
Na mansão alugada por US$ 5 mil por mês, equivalente a R$ 11 mil, o criminoso vivia no mais alto conforto. Tinha motorista particular, trocava de empregada doméstica a cada dois meses para não levantar suspeita e levava os filhos, gêmeos de três anos, para um dos principais colégios paraguaios.
Agora, na Penitenciária de Tremembé, Roger Abdelmassih segue regras rígidas. Não pode mais escolher suas vestes: tem de usar o uniforme da prisão — camisa branca e calça bege. Tem hora certa para sair para o pátio e hora certa para voltar para cela. E, nos dias de visita, sempre aos finais de semana, pode receber até duas pessoas. Seu cardápio também mudou. O ex-médico, almoça o mesmo que é oferecido a todos os presos: carne, arroz, feijão e uma sobremesa simples.
Duas semanas após ser capturado, Roger Abdelmassih divide cela com cinco presos e recebe primeira visita
A Penitenciária de Tremembé já foi endereço de Abdelmassih em 2009, quando ficou preso por cinco meses, entre agosto e dezembro. Ele, porém, foi solto por decisão do ministro Gilmar Mendes, do STF (Superior Tribunal Federal), que considerou que o ex-médico poderia recorrer em liberdade da sentença de 278 anos de condenação.
Dois anos mais tarde, em 2011, Abdelmassih teve a prisão decretada novamente por pedir a renovação de seu passaporte — a Justiça entendeu a atitude como evidência de tentativa de fuga, o que se confirmou e o tornou o homem mais procurado do país.
Após uma investigação da equipe do programa Domingo Espetacular, a Polícia Federal brasileira e autoridades paraguaias prenderam o ex-médico no dia 19 de agosto, em frente ao colégio em que os filhos estudavam. No dia seguinte, Abdelmassih foi transferido para São Paulo, onde foi registrado um boletim de ocorrência por “captura de foragido”.
Fonte: R7