Polo de Batalha é divisor de águas, dizem produtores

largeAlagoas cumpriu mais uma etapa para a formação de seu Parque Tecnológico com a inauguração do Polo Tecnológico Agroalimentar de Batalha, o primeiro entre os previstos para compor o complexo de pesquisa e desenvolvimento, que contará ainda com prédios em Arapiraca e Maceió. Estudantes, professores, pesquisadores, gestores públicos, líderes comunitários, produtores rurais, jornalistas e a comunidade em geral lotaram o auditório do novo prédio para a inauguração, na cidade sertaneja, na última sexta-feira (29).

 

Os recursos do convênio que possibilitaram a construção dos dois polos agroalimentares – o de Batalha, já entregue, e o de Arapiraca, com inauguração prevista para o próximo dia 12 de setembro –, da ordem de R$ 12 milhões, foram viabilizados pela Financiadora de Estudos e Projetos, ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (Finep/MCTI), Secretaria de Estado da Ciência, da Tecnologia e da Inovação (Secti) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal).

 

O Polo Agroalimentar de Batalha ocupa uma área de 1.900 m² e vai beneficiar a cadeia produtiva do leite e seus derivados na região, que já foi nacionalmente conhecida devido a essa produção. Nele, serão disponibilizados serviços de agrometeorologia, biotecnologia, certificação de produtos e análises físico-químicas. “Essa iniciativa vai impactar diretamente no trabalho do produtor de leite e na pesquisa, reduzindo o custo e atuando na melhoria da qualidade dos produtos”, apontou Carlos Henrique Sampaio, presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios.

 

Com o Parque Tecnológico em atividade, Alagoas fará parte de um movimento que cresceu no Brasil nos últimos anos. Já são mais de 70 em atividade, agregando cerca de 400 incubadoras e oito mil empresas, com um faturamento de R$ 3,5 bilhões por ano. Esses complexos são responsáveis, ainda, por 35 mil empregos diretos, de elevado grau de especialização.

 

“Isso vai ser um divisor de águas. Estamos numa região que é referência, que foi a primeira central de inseminação. Depois de 40 anos, resgatamos um centro de excelência em capacitação e treinamento para produtores e estudantes”, relembrou Domício Silva, presidente da Associação dos Criadores de Alagoas. “É muito importante que os diversos órgãos públicos se unam. Aqui temos uma cadeia produtiva que não tem entressafra e eles precisam ter acesso à ciência e tecnologia, que vai levar conhecimento para todos que trabalham na região”, explicou o secretário de Estado da Agricultura, José Marinho.

 

Depois da inauguração, foram visitadas as instalações e equipamentos. O prédio conta com máquinas modernas e espaços como laboratórios, mini usina de beneficiamento de leite, alojamentos e salas de aula, que inclusive já estão sendo ussadas por alunos do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) e do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). “Quem detém o poder hoje é quem tem o conhecimento. Os laboratórios são de ponta. A grande ideia dessa parceria é atrair os pesquisadores através da estrutura para pesquisa”, esclareceu o reitor do Ifal, Sérgio Teixeira.

Um polo tecnológico realiza e oferece serviços com base em pesquisa tecnológica para empresas e produtores, e, no caso de Alagoas, para os arranjos produtivos dos laticínios, hortifrutigranjeiros e tecnologias da informação e da comunicação, respectivamente, em Batalha, Arapiraca, e, a partir de 2015, também em Maceió. A referência mais próxima e familiar dos alagoanos é o Porto Digital, em Recife, que já transferiu para a região mais de 6.500 empregos e foi responsável pelo aumento da participação das TICs no PIB pernambucano. Um dos objetivos do polo é incrementar a produção da região, fomentando a cultura da inovação.

 

Sonho que virou realidade

 

O governador Teotonio Vilela Filho ressaltou a importância do equipamento: “Sobretudo para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Estamos fortalecendo a bacia leiteira e proporcionando condições para que o homem possa viver com qualidade no interior do estado”, afirmou.

 

O secretário da pasta, Eduardo Setton, responsável pelas entregas dos polos, relatou o histórico do projeto até sua materialização e reforçou as características de desenvolvimento social e de interação entre universidade e setor produtivo, proporcionados por uma instituição dessa natureza.

Ele dEle destacou o papel da presidenta da Fapeal, Janesmar Cavalcanti, tanto como coordenadora do projeto do convênio submetido à Finep, quanto por ter conseguido reunir os recursos e garantir a contrapartida, mesmo sem aumento do duodécimo da fundação.

 

“Este polo é um diferencial, com laboratórios que poderão certificar a qualidade da nossa matéria-prima. Ele vem para minimizar o espaço entre a academia e o produtor”, preconizou Fábio Sales, professor e pesquisador do curso de Zootecnia da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) em Santana do Ipanema.

 

O vice-reitor da instituição também acredita nos benefícios que o equipamento trará para a região, incluindo estudantes e pesquisadores. “Os polos têm em sua concepção o compromisso com a produção de conhecimento, não apenas com a prestação de serviços. Eles funcionarão como espaço de pesquisa, complementando a estrutura que não temos, de laboratório, além de ser um investimento que atrai outros investimentos. Isso movimenta o setor, que ficará mais antenado com o que há de mais moderno em termos de tecnologia agropecuária”, disse Clébio Araújo.

Além dos serviços e pesquisas a serem realizados no local, outros resultados poderão surgir, como uma maior fixação não somente dos produtores, mas também dos jovens, mesmo aqueles que tiverem a oportunidade de estudar na universidade. “Acho importante uma oportunidade na região com tecnologia para pesquisa e desenvolvimento de projetos. É uma porta que se abre para quem quer fazer estágio e carreira na área de processamento e produção de alimentos”, acredita Danila Mara, estudante da Uneal.

 

Durante a inauguração, foi entregue o certificado de conclusão do curso para extensionistas rurais da Emater, bolsistas da Fapeal que concluíram o curso no dia da inauguração.

 

“O que vimos aqui, como vários disseram, era um sonho, algo imaginado por gerações de produtores e de pesquisadores, por décadas. A partir de hoje, é realidade. A Fapeal fez a sua parte e continuaremos a fazer. E acreditamos que as outras instituições farão também, instalando-se aqui e contribuindo com a geração de riqueza para o nosso povo sertanejo”, concluiu a presidente da Fapeal, Janesmar Cavalcanti.

 

 

Agência Alagoas

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