Programa recupera 123 nascentes e leva água potável a alagoanos

largeEm todo o Estado, mesmo na zona rural de Maceió, existem centenas de nascentes com água de excelente qualidade. Muitas delas são utilizadas pela população, mas várias outras estão degradadas devido ao desmatamento, avanço de pastagens e pelo mau uso dos próprios moradores, que não preservam essas fontes de água. No entanto, um projeto iniciado em 2012 começou a mudar essa realidade.

 

Inserido nas ações do Programa Alagoas Tem Pressa, o Programa de Recuperação de Nascentes começou atendendo municípios atingidos pela seca. Um acordo entre a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) e as prefeituras dos municípios de Água Branca e Mata Grande possibilitou a recuperação de 35 nascentes somente no primeiro ano do programa.

 

Nos municípios de Branquinha, Maravilha, Poço das Trincheiras e Traipu foram recuperadas onze nascentes. Na Zona da Mata e Agreste, numa parceria com as prefeituras locais, a Semarh recuperou 77 nascentes. Hoje, 123 já passaram por recuperação e a meta é atingir 400 nascentes em todo o estado.

 

Segundo o técnico da Semarh e gestor do programa, Adolfo Barbosa, o foco do programa é a dessedentação humana. “Às vezes, essas nascentes são a única fonte de água potável no local. São comunidades carentes que se beneficiam dessa água. Elas precisam ser preservadas”, afirma.

 

“O programa nasceu para atender 2.400 famílias, só que hoje tomou dimensões superiores e pretendemos atender 12 mil famílias”, destacou Adolfo Barbosa. O gestor disse, ainda, que o programa tem um valor muito alto, levando dignidade humana para milhares de pessoas.

 

É fácil e custa pouco

 

O primeiro passo para recuperar uma nascente, além das informações necessárias sobre a sua existência, é ouvir a comunidade. “A comunidade nos conta a história dessa nascente, há quantos anos as pessoas vão pegar água no local, se tem água o ano inteiro, qual o sabor, entre outros detalhes”, explica o gestor do programa.

 

Os técnicos da Semarh realizam estudos e análises sobre a nascente, para definir a vazão, a qualidade da água e para saber a sua perenidade. Cada nascente recuperada exige uma caixa d’água de três mil litros, conexões e tubulações de PVC, mangueiras para dreno e cimento.

 

“Quando precisamos de algo mais, como trabalhadores e máquinas, a prefeitura e a própria comunidade participam. Muitas vezes a nascente está localizada numa área particular e necessitamos entrar em entendimento com o proprietário”, afirma Adolfo.

Moradores afirmam que agora água “é limpinha e tratada”

 

No campo, a reportagem acompanhou o trabalho dos técnicos da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) conhecendo duas realidades distintas. Uma nascente já recuperada, no município de Capela, e outra, em Cajueiro, onde os técnicos iniciaram os estudos para a recuperação.

 

Rua do Alto, cidade de Capela. Todos os dias, moradores precisam caminhar mais de 1 km para buscar água boa para beber numa nascente, localizada em um lugar íngreme, conhecido como Grota da Cafuta. A grota fica dentro de uma fazenda de gado e os animais pastam bem próximo à nascente. A vegetação é rala e o lixo se acumula perto do olho d’água cristalino.

 

O morador Paulo Sérgio dos Santos usa um carrinho de mão e consegue trazer de uma só vez três grandes recipientes plásticos com água. “Faço isso todos os dias. Usamos esta água para beber. Para tomar banho temos a água da torneira, mas ela é de péssima qualidade”, conta.

 

O gestor do Programa de Recuperação de Nascentes, Adolfo Barbosa, conta que a Semarh já está em contato com a prefeitura de Capela para iniciar o trabalho de recuperação da nascente. “A nascente é perene e a água de boa qualidade. Vamos fazer a recuperação, cercar o local e fazer o replantio da vegetação”.

 

“E vamos fazer algo diferente. Estamos conversando com a prefeitura para, após o trabalho de recuperação, canalizar a água e trazê-la por gravidade até a comunidade da Rua do Alto. Será uma grande conquista para a população”, já comemora Adolfo.

 

No povoado Loango, em Cajueiro, moradores de uma agrovila recebem água, há quatro meses, de uma nascente recuperada pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh). A reportagem foi conhecer a nascente com um dos moradores do lugar, o agricultor Ademar Ferreira, de 65 anos.

 

“Para nós, melhorou 100%. Agora a água é limpinha e tratada. Antes eu já utilizava a água da nascente, mas ela chegava barrenta”. Seu Ademar conta que todas as 22 famílias da agrovila recebem água encanada vinda da nascente.

 

Para chegar até o local, localizado a mais de 900 metros da comunidade, a equipe de reportagem teve que cruzar a vegetação, hoje em fase de recuperação.

 

Protegida e bem preservada, a nascente é um patrimônio para todos. “O que fizemos aqui e em outros 123 locais foi mudar a vida das pessoas para melhor. Melhorar a qualidade da água e facilitar o acesso da população é um grande benefício. No final, as pessoas começam a entender que é preciso cuidar e preservar as nascentes. Esse é o objetivo do programa”, finaliza o gestor Adolfo Barbosa.

 

Fonte: Agência Alagoas

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