Homem de 59 anos enfarta e morre após não ser atendido no Souza Aguiar
Um paciente com forte dor no peito morreu, no domingo, depois de um funcionário do Hospital Souza Aguiar ter negado atendimento na porta da unidade. Sérgio Tavares, de 59 anos, chegou à emergência acompanhado pela família. Desesperado, o filho do paciente, Leandro Tavares, de 27 anos, entrou para pedir uma cadeira de rodas para o pai, que tinha dificuldades para andar. Antes que o paciente entrasse no hospital, no entanto, ele foi dispensado por um funcionário. Sem fazer exame algum, o profissional disse que Sérgio deveria ir para a Coordenação de Emergênci
— No hospital, uma pessoa pediu que um rapaz de branco, um funcionário, fosse avaliar meu pai. Ele chegou no carro, olhou e mandou a gente ir pro CER. Se meu pai tivesse recebido o primeiro atendimento lá no Souza Aguiar, talvez estivesse vivo — disse Leandro: — Eu não sei se o rapaz era médico ou enfermeiro. Eu estava atordoado. Só sei que ele só olhou para meu pai. Não fez pergunta, não examinou.
Leandro disse que não demorou mais de cinco minutos no percurso entre o Souza Aguiar e o CER, mas acredita que a perda de tempo pode ter sido fatal para Sérgio.
— Quando ele chegou ao hospital, ainda conseguia falar, ainda tinha reação. Quando chegou no CER, já estava sem força, trincando os dentes, muito pálido, passando muito mal. Ele enfartou. — contou Leandro.
De acordo com o prontuário do CER ao qual o EXTRA teve acesso, Sérgio chegou à unidade às 11h28, já sem pulso e foi encaminhado diretamente para a sala vermelha — local destinado aos casos graves. Ainda segundo o documento, o paciente foi entubado e submetido a manobras de reanimação. Às 12h23, ele morreu.
Esse não foi o primeiro caso de doente não atendido no hospital. Conforme o EXTRA mostrou sábado, o Ministério Público instaurou inquérito para apurar suposta improbidade administrativa do diretor Yvo Perrone, de seguranças e funcionários do Souza Aguiar após o paciente José Ávila Filho não ser atendido no hospital. Ele também foi orientado a ir para o CER.
Médicos indignados
Médicos do CER ficaram indignados ao saber que Sérgio havia procurado o Souza Aguiar e deixado o hospital sem ter recebido socorro.
— Emergência vermelha não poderia ter sido orientada a ir para outro local. Tinha que ser atendido imediatamente — disse um profissional da unidade, que possui atendimento clínico de emergência, mas não da mesma complexidade do Souza Aguiar.
Segundo a nora de Sérgio, Camilla Gomes, no CER, o doente foi atendido antes que sua ficha fosse preenchida.
— Os médicos o levaram direto para a sala vermelha.
Em nota, a secretaria de Saúde informou que o paciente chegou ao Souza Aguiar às 11h22min. As duas unidades envolvidas relatam, segundo o órgão, ter realizado todos os procedimentos padrões para o caso.
MP investiga triagem
O Ministério Público encaminhou, na semana passada, um ofício à secretaria municipal de Saúde cobrando informações sobre a triagem de pacientes na unidade.
No documento relativo à dispensa do paciente José Ávila Filho, a promotora Madalena Ayres, da 2ª promotoria de Tutela Coletiva, informa que o MP apura a “ausência completa do serviço de acolhimento e classificação de risco do hospital, bem como a grave suspeita de que a triagem de atendimento estaria sendo feita pelos seguranças”.
A promotora deu prazo de cinco dias para que o órgão informasse as medidas adotadas pela unidade.
Fonte: Extra