PSB quer que Marina assuma compromissos deixados por Eduardo Campos

2014-742833466-2014081699609.jpg_20140816SÃO PAULO. O PSB está preparando uma espécie de “inventário” de campanha para entregar à possível candidata à Presidência Marina Silva. A ideia do presidente do partido, Roberto Amaral, é mostrar a Marina os acordos firmados pelo candidato Eduardo Campos e o andamento até mesmo das finanças da campanha para conhecimento da eventual candidata.

Os socialistas querem entregar esse documento até quarta-feira, data prevista para que Marina confirme a candidatura. O documento está sendo elaborado pelas deputadas Luiza Erundina (SP) e Lídice da Mata (BA).

— É uma espécie de inventário dos compromissos assumidos por Eduardo com os eleitores, com os outros partidos e com os próprios candidatos do PSB. É para que ela tenha conhecimento do que está acontecendo. Vamos relatar, inclusive, o quadro financeiro — disse um dirigente nacional da legenda.

Segundo esse dirigente do PSB, Marina terá que concordar em pagar as despesas de campanha dos partidos que compõem a aliança, entre eles PSL, PHS, PRP e PPL.

Marina terá também que assumir os acordos fechados por Eduardo Campos nos estados.

– Ela vai ter que mudar o comportamento. Antes da morte de Eduardo, ela vinha se recusando a tirar fotos com alguns candidatos do PSB nos Estados. Só aceitava tirar fotos com os candidatos ligados à Rede. Ela não suportava o Paulo Bornhausen em Santa Catarina ou o Heráclito Fortes no Piauí, mas não dá para continuar assim, excluindo nossos aliados. Como ela pretende ir a Santa Catarina sem falar com o Paulinho? – pergunta o líder do PSB.

Outro nome que Marina rejeita, segundo essa fonte, é Vanderlan Cardoso, candidato a governador do PSB em Goiás.

– Ela não gosta do Vanderlan porque ele é ligado ao agronegócio. No fundo, ela só gosta da Luiza Erundina e do Maurício Rands. O resto, como o Rodrigo Rollemberg e o Beto Albuquerque ela tolera. Então, a carta compromisso dela é muito mais voltada para os compromissos internos do que externos – disse o dirigente do PSB.

Outro ponto que os pessebistas querem que Marina aceite é a divisão do tempo de TV na propaganda eleitoral gratuita. Marina terá metade do tempo e a outra metade será para o candidato a vice do PSB.

Enquanto a cúpula do PSB elabora o documento, o partido tenta elencar possíveis nomes para a vaga do candidato à vice-presidência. Renata, viúva de Eduardo Campos, deverá ser consultado. O nome indicado por ela, segundo os socialistas, terá peso na escolha do partido. Entre os nomes cotados, estão o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque e do ex-ministro Fernando Bezerra, nome confiança de Eduardo em Pernambuco.

Uma preocupação que os socialistas têm em relação a Marina é quanto às alianças estaduais. Abrigada no PSB, depois que seu partido, a Rede, não foi oficializado, Marina endossou até o momento poucas candidaturas, como na Bahia, Amazonas, Pernambuco e Paraíba.

— Oitenta por cento dos estados tem coligação com o que ela não concorda. Ela precisa saber dos acordos que passaram por Eduardo Campos, como em São Paulo, Paraná, Alagoas, Santa Catarina e Pará — disse o mesmo dirigente.

‘Carta aos brasileiros’

Enquanto setores do PSB defendem que o inventário circule apenas no âmbito do partido, alas dos socialistas querem que seja uma espécie de “Carta aos Brasileiros”, nos moldes do documento divulgado por Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, quando concorreu às eleições presidenciais e venceu.

— Nossa ideia é a reafirmar o compromisso do partido com o povo brasileiro. É uma carta do PSB, que deverá ser endossada pela Marina, caso seja candidata. O documento vai reafirmar todos os compromissos de campanha de Eduardo Campos — disse outra liderança nacional do partido.

O Globo

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