Falta de sexo atrapalha outros aspectos da vida.
Fazer sexo é uma das atividades mais prazerosas da vida –para muita gente ocupa o primeiro lugar da lista. Nem todo mundo, porém, pratica tanto quanto gostaria, por vários motivos. E a diminuição da frequência ou a falta total de sexo contribui drasticamente, em alguns casos, para o surgimento de estados de irritação e instabilidade emocional.
“Quando a vida sexual não vai bem ou quando alguém fica muito tempo sem transar, é comum que algumas coisas comecem a mudar. Uma delas é a alteração do humor. A autoestima fica comprometida. Às vezes, a pessoa deixa de investir nela mesma e de se cuidar fisicamente; se torna amarga e crítica com todos e tudo à sua volta”, afirma a terapeuta sexual Carla Cecarello, fundadora da ABS (Associação Brasileira de Sexualidade).
“Ficar sem transar por razões como doenças, depressão ou filhos pequenos, pode alterar o equilíbrio emocional e relacional. Porém, são fases com as quais a maioria das pessoas vai se deparar ou já passou um dia. No caso de relacionamentos fixos, quanto mais objetivos forem encontrados dentro da relação, menos prejuízos as pessoas terão nos momentos de ausência de sexo”, diz o ginecologista e terapeuta sexual Amaury Mendes Jr., professor e médico do Serviço de Sexologia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
Homens e mulheres, entretanto, reagem de formas diferentes à falta de sexo por conta de fatores de ordem fisiológica e culturais. Como têm níveis de testosterona 20 vezes mais elevados do que as mulheres, eles, em geral, apresentam desejo mais aflorado e são mais suscetíveis aos estímulos –cenas eróticas em filmes, por exemplo.
No entanto, os homens são culturalmente ensinados (e orientados) a recorrer à masturbação, diferentemente delas, e a buscar relações casuais. “Eles também ficam com o humor alterado, mas tentam aliviá-lo buscando a pornografia, devido à liberdade conquistada pela educação em nossa sociedade”, diz Carla.
Segundo Oswaldo Martins Rodrigues Jr., terapeuta sexual e diretor do Inpasex (Instituto Paulista de Sexualidade), os homens recebem sinal verde desde a adolescência para usar o sexo a fim de diminuírem ansiedades e tensões. Já as mulheres, não. “Assim, eles sempre justificam que necessitam do sexo para enfrentarem problemas do cotidiano”.
No caso das mulheres, a questão exibe maior complexidade. “Ser desejada e ter alguém possui um significado para a mulher que transpassa o sexo puro, o tesão”, afirma Amaury Mendes Jr., que explica ainda que sentir falta de sexo para a maioria das mulheres tem um sentido mais amplo, que atinge a autoestima e a questão relacional, conjugal e até mesmo materna.
“Para a mulher, a sensação de não ter poder de sedução ou ficar sem ser cortejada ou desejada produz mais ansiedade do que não ter sexo”, diz o terapeuta sexual e ginecologista.
Para Oswaldo, do Inpasex, a mulher que tem atividades sexuais frequentes, em especial quando obtém orgasmos, provavelmente estará nos dias seguintes mais satisfeita com o mundo e mais capaz de administrar ansiedades ou suportar frustrações.
“O que implica em uma mulher menos irritada e tensa. Mas existem mulheres que desenvolvem outras formas de lidar com as tensões e não precisarão de sexo para sentirem-se bem e manterem um humor estável e positivo”, conta.
É bom ressaltar que a falta de sexo afeta as pessoas com maior ou menor intensidade de acordo com o valor que elas conferem à sexualidade. “Quanto maior é a prioridade que se dá ao sexo e quanto mais ele é associado a prazer, relaxamento, amor e descarga de tensão, maior será o incômodo com a falta dele”, declara a psicóloga e educadora sexual Ana Canosa, de São Paulo (SP).
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15 perguntas
Embora namorar, fazer sexo e ter orgasmo libere hormônios que provocam sensação de bem-estar e alegria, muitos fatores influenciam o humor das pessoas. “Fazer esportes, viver momentos de prazer, de lazer, produzir, receber reconhecimento dos outros pelo trabalho ou pela pessoa que se é, ter uma saúde equilibrada e condição para resolver conflitos. Manter o humor tem mais relação com a personalidade da pessoa e as condições que a vida lhe oferece do que com a quantidade de sexo que se faz”, exemplifica Ana Canosa.
Fonte: UOL