Egito inicia mediação para trégua duradoura em Gaza
Os mediadores egípcios se reuniram no Cairo com uma delegação israelense e nesta quarta-feira terão um encontro com os negociadores palestinos, como parte das conversações para uma trégua duradoura em Gaza, além do cessar-fogo de 72 horas em vigor desde terça-feira.
O cessar-fogo, obtido com a mediação do Egito e dos Estados Unidos, entrou no segundo dia e nenhum combate foi registrado até o momento na Faixa de Gaza.
“As conversas indiretas entre os palestinos e os israelenses estão avançando”, disse um representante egípcio, deixando claro que ambos os lados não estão se encontrando cara a cara. “Ainda é muito cedo para falarmos de resultados, mas estamos otimistas.”
Após a reunião no Cairo, Izzat al Rishq, membro do gabinete político do movimento islamita Hamas, disse que as autoridades egípcias asseguraram que empregarão o “máximo esforço” para cumprir com as exigências palestinas no conflito com Israel.
O dirigente palestino qualificou de “responsável” o encontro, no qual a delegação palestina ressaltou suas exigências, sobretudo o fim da ofensiva e do embargo sobre Gaza.
O representante do Hamas negou estar disposto a aceitar um acordo de paz que não “esteja ao nível dos sacrifícios” feitos pelo povo palestino. “Nosso povo não aceitará que continue a ocupação israelense, que é a base dos crimes”, afirmou.
Trégua e retirada
O exército israelense se retirou totalmente do território palestino na terça-feira, quase um mês depois do início de uma ofensiva que deixou, segundo o ministério palestino da Saúde, 1.875 mortos, incluindo 430 menores de idade e 243 mulheres. No lado israelense morreram 64 soldados e três civis.
Os mediadores egípcios se reuniram durante a noite com negociadores israelenses e devem ter um encontro durante a quarta-feira com a delegação palestina, segundo fontes palestinas que pediram anonimato.
A delegação palestina inclui integrantes do movimento Hamas, que controla a Faixa de Gaza e é o principal alvo de Israel.
Os palestinos devem apresentar suas exigências aos mediadores, funcionários do serviço secreto do Egito.
Mas durante a noite, um líder do Hamas rejeitou categoricamente uma das condições apresentadas pelos israelenses para uma trégua prolongada: o desarmamento dos combatentes do Hamas e de outros grupos armados da Faixa de Gaza.
“Mataremos quem tentar tomar nossas armas”, escreveu Ezzat al-Rishq no Twitter.
Em Gaza, onde meio milhão de pessoas saíram de casa em meio a um mês de intenso bombardeio, alguns moradores deixaram abrigos da ONU e voltaram para bairros onde quarteirões inteiros foram destruídos por ataques israelenses de artilharia, ao passo que o cheio de corpos em decomposição impregnava o ar.
Ruas em cidades no sul de Israel, as quais vinham sofrendo ataques diários de foguetes vindos da Faixa de Gaza, estavam repletas de crianças brincando.
Fonte : G1