‘O pai me pediu perdão’ diz mãe de menino atacado por tigre
A mãe do menino que foi atacado por um tigre no Zoológico de Cascavel, na região oeste do Paraná, afirmou neste sábado (2) que perdoa o pai do garoto, que o acompanhava na visita ao local. O acidente foi na quarta-feira (30) e o menino acabou tendo o braço amputado na altura do ombro, após o ataque.
“Ele me pediu perdão pelo amor de Deus. Não tem nem porque não perdoar, a gente tem que se unir, se ajudar para melhora. O pai está muito triste, muito abalado, chora demais, está sem estrutura, sem chão, está o tempo todo do lado dele”, contou.
A declaração foi dita durante uma entrevista coletiva, no hospital onde o menino está internado desde o dia do acidente. Embora tenha falado com vários veículos da imprensa, ela pediu para não ser identificada.
A mulher, que é policial ambiental e mora em São Paulo, disse que ficou sabendo do ataque por uma tia da criança. “Eu soube através da tia do meu filho que ele tinha sofrido um acidente no Paraná. No primeiro momento foi um choque, um susto, o meu filho estava longe eu não sabia o que estava acontecendo com ele, soube depois por intermédio de outras pessoas que foi um acidente no zoológico com um animal. Daí, foi o mais rápido possível tentar chegar aqui para ver as condições que ele estava, para ver se meu filho estava vivo, se estava bem. Foi uma fatalidade”, acredita.
Sem culpados
“A criança não tem culpa, o animal não tem culpa. Vamos pensar para não acontecer isso com outras famílias porque é doido, podia ter sido com qualquer família, com qualquer um de nós, com qualquer criança e é o que a gente não quer, porque dói muito”, afirmou a mãe. Segundo ela, o filho ficou preocupado com o que havia acontecido ao tigre, após o ataque. “Ele [o garoto)]se preocupou com o tigre, se ninguém iria sacrificar o animal porque ele foi mordido”, disse.
A preocupação da mãe agora é como será a reabilitação, após o menino receber alta do hospital. “Toda a aprendizagem, como ele vai aprender tudo isso, que seja tranquila, que seja de uma maneira boa e feliz, que a vida continue e que ele aprenda sem sofrimento nenhum”, torce.
A mãe ainda pediu para que as pessoas mandem boas energias para a criança. “Agora eu peço para que rezem pelo meu filho para que ele volte o mais rápido possível para casa, volte bem para que a gente possa abraçar ele”, diz a mãe.
Ataque
O garoto, de 11 anos, estava em uma área proibida, próximo à jaula do felino na hora do ataque. Ele ficou gravemente ferido e precisou ter o braço direito amputado na altura do ombro. Segundo o hospital, o estado de saúde da criança é estável e deve receber alta na terça-feira (5).
O menino estava acompanhado do pai, que, segundo testemunhas, deixou a criança brincar perto dos animais. Ele chegou a ser detido na quarta para prestar esclarecimentos, mas foi liberado em seguida.
A Polícia Civil investiga se o acidente em Cascavel foi causado por omissão do pai, ou da guarda do zoológico. Eles podem responder pelo crime de lesão corporal, de acordo com o andamento do inquérito.
O Delegado Denis Merino, que investiga o caso, disse que em depoimento o pai afirmou que não viu o menino perto da jaula. “O pai do menino disse que estava cuidando do outro filho dele, de três anos, que reside aqui em Cascavel, quando o maior, de 11 anos, se desvencilhou e estava nas proximidades. Tão logo ele percebeu que o animal atacou a criança, ele o socorreu”, contou o delegado.
O delegado pretende ouvir a guarda patrimonial e as testemunhas para só depois decidir quem será responsabilizado pelo ataque do animal. “O código penal prevê que, quando o responsável legal é omisso, ele responde pelo resultado – no caso, o resultado foi uma lesão corporal grave. O pai e a guarda patrimonial – que deveria guardar o local para evitar o acesso de qualquer visitante naquela área – podem responder pelo crime de lesão corporal. A pena é de 2 a 5 anos”, disse.
O diretor da Guarda Municipal de Cascavel, Lauri Dallagnol, disse que o guarda patrimonial não viu o garoto na área restrita porque estava fazendo ronda em outro local do zoológico. “Ele estava fazendo ronda no recinto dos macacos. Ele cuida de três recintos, então ele vem, faz a ronda neste local e vai para outro, faz a ronda e volta. Ele só viu a situação depois do fato consumado”, explicou.
Para o veterinário do zoológico, as grades são seguras. “O recinto atende as todas as especificações técnicas do Ibama, tanto para animais, quanto para os visitantes. A grade de 1,50 m está na norma técnica. O que aconteceu foi uma fatalidade”, concluiu Passos.
G1