Israel diz que soldado foi capturado em Gaza; cessar-fogo fracassa

140801095909_gaza_escombros_624x351_reutersO soldado israelense desapareceu durante um ataque do Exército para destruir um túnel sob a fronteira com Gaza usado por militantes palestinos, disseram os militares. Forças de Israel realizam buscas pelo oficial.

O Hamas não confirmou nem desmentiu a informação. Em 2006, militantes capturaram o soldado israelense Gilad Shalit – que só foi libertado cinco anos depois, em novembro de 2011, em troca de mil prisioneiros palestinos.

Israel e Hamas haviam se comprometido a respeitar um cessar-fogo de 72 horas a partir das 8h locais desta sexta-feira (1h, na hora de Brasília), e ambas as partes trocaram acusações sobre quem desrespeitou a trégua primeiro.

A violência colocou em dúvida as negociações entre delegações israelenses e palestinas que desembarcaram no Cairo, capital do Egito, com o objetivo de fechar um “cessar-fogo duradouro”.

Autoridades de saúde na Faixa de Gaza disseram que 35 pessoas morreram depois que um tanque israelense atacou um povoado próximo a Rafah nesta sexta-feira.

Fontes militares israelenses confirmaram à BBC que o bombardeio foi em retaliação ao lançamento de um míssil em Kerem Shalom, em Israel.

“Houve um grande ataque a uma unidade israelense e esta unidade teve que responder”, disse à BBC o porta-voz israelense Yigal Palmor. “Depois da resposta, o Hamas começou novamente a disparar foguetes contra o território israelense e, consequentemente, os confrontos se reiniciaram”.

Já o porta-voz do Hamas Fawzi Barhoun disse que os “israelenses foram os que violaram o cessar-fogo e a resistência palestina agiu de maneira a garantir o seu direito de defesa”.

A imprensa palestina informou que o Hamas convocou um “dia de fúria” na Cisjordânia.

Alto número de mortos

Com as novas mortes, quase 1.500 palestinos, a maioria civis, perderam a vida desde o início da ofensiva israelense, em 8 de julho. A violência matou 63 israelenses, a maioria soldados.

A correspondente da BBC Bethany Bell, em Jerusalém, disse haver grande pressão internacional para um cessar-fogo para que a população de Gaza enterre os seus mortos e estoque suprimentos.

Nas primeiras horas do cessar-fogo, a vida até começou a voltar ao normal em Gaza, com muitos palestinos caminhando até as áreas bombardeadas na esperança de encontrar suas casas de pé.

Pouco antes do anúncio da trégua, o governo norte-americano havia declarado que considerava “totalmente inaceitável e indefensável” o ataque ao abrigo da ONU em Gaza, ocorrido na quarta-feira. Foi a mais dura crítica dos Estados Unidos à ofensiva israelense no território palestino.

Os EUA – maiores aliados de Israel – também afirmaram que as mortes de civis estão “altas demais” e exortaram Israel para que protegesse a vida de civis. Na quarta-feira, a ONU acusou Israel de ignorar alertas e atacar uma escola em Gaza que abrigava cerca de 3 mil palestinos refugiados, deixando ao menos 16 mortos.

O porta-voz da agência da ONU para assistência aos refugiados (UNRWA, na sigla em inglês), Chris Gunness, disse que o ataque foi uma “vergonha universal”. Segundo ele, o governo israelense foi informado 17 vezes que a escola abrigava civis refugiados – a última delas, horas antes do ataque.

“O ataque contra um local da ONU que abrigava civis inocentes fugindo da violência é totalmente inaceitável e totalmente indefensável”, disse o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest. Ele afirmou ainda haver poucas dúvidas de que o bombardeio partiu de Israel.

Um porta-voz israelense, Mark Regev, disse à BBC que seu país vai se desculpar se for provado que foi responsável pelo ataque. “Nós temos uma política – não temos civis como alvos.”

O Pentágono também subiu o tom contra Israel, dizendo que o número de civis palestinos mortos é alto demais. “Está ficando cada vez mais claro que os israelenses precisam fazer mais para atingir os padrões deles mesmos para proteger a vida de civis”, disse o porta-voz do Pentágono, Steve Warren.

As condenações a Israel nas últimas horas partiram também de diversos órgãos da ONU. “A realidade é que hoje nenhum lugar de Gaza é seguro”, disse Valerie Amos, chefe da agência humanitária da ONU, ao Conselho de Segurança.

População ‘à beira do precipício’

Pierre Krähenbühl, chefe da UNRWA, disse que, em meio à violência, a população de Gaza está “à beira do precipício”.

“Se mais deslocamentos de pessoas se fizerem necessários, a força de ocupação (Israel) terá de assumir responsabilidade direta na assistência dessas pessoas, de acordo com a legislação humanitária internacional”, disse.

Apesar do alto contingente de mortos nos ataques, o premiê disse que Israel está determinado a destruir os túneis “com ou sem cessar-fogo”.

“Já neutralizamos vários túneis do terror, e estamos determinados a completar esta missão com ou sem cessar-fogo”, declarou o premiê israelense. “Portanto, não vou concordar com nenhuma proposta que não permita às Forças Armadas israelenses concluir esta importante tarefa, pelo bem da segurança de Israel.”

Do lado israelense, morreram 63 pessoas, a maioria soldados.

Nesta quinta-feira, no entanto, Israel anunciou a convocação de 16 mil reservistas para reforçar o contingente de suas forças militares – aumentando o total de convocados para 86 mil.

Segundo a ONU, 425 mil pessoas em Gaza tiveram de deixar suas casas por causa da operação. A organização diz que está amparando 225 mil palestinos em 86 abrigos ao longo da Faixa de Gaza. Acredita-se que cerca de 200 mil estejam na casa de amigos e parentes.

O número total de desabrigados e desalojados chega a quase um quarto da população da Faixa de Gaza.

 

 

 

Fonte  : BBC

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