Cruz Vermelha devolverá dinheiro de doações no Brasil
Após uma auditoria internacional comprovar o desvio de cerca de R$ 25 milhões de reais na Cruz Vermelha do Brasil, a organização relatou que pretende devolver de volta o dinheiro aos doadores e instituições. Os valores desviados são referentes às doações para as campanhas para socorrer vítimas das enchentes na região serrana no Rio de Janeiro, de prevenção à dengue, do tsunami no Japão e da seca na Somália.
Após denúncias em 2012 de que a organização estava sofrendo desvios em suas contas e problemas na gestão, uma nova diretoria foi eleita. O novo corpo administrativo optou por contratar uma empresa de auditoria inglesa, a Moore Stephens, que terminou encontrando as irregularidades no braço brasileiro da organização internacional.
As doações foram repassadas a uma ONG que pertence à mãe do vice-presidente da Cruz Vermelha na época. Outra parte das doações, no valor de R$ 523 mil, foi destinada a fundos de aplicação.
A instituição no Brasil relata que está implementando mudanças no organismo, e que está comprometida com a solução do problema após a concretização da auditoria, que começou em 2012.
Em nota, a atual diretoria relata que agirá, inclusive, “judicialmente, para que estes recursos sejam entregues aos seus beneficiários”.
O relatório foi entregue pela Cruz Vermelha ao Ministério da Justiça, Ministério Público Federal e Ministérios Públicos Estaduais. As principais localidades onde foram encontradas as irregularidades são Maranhão, Ceará e Rio de Janeiro.
Leia abaixo a íntegra da nota da Cruz Vermelha:
“Cruz Vermelha Brasileira apura e denuncia desvios de ex-gestores
Entidade contrata auditoria internacional para as próprias contas e das filiais nos estados. O resultado foi entregue as autoridades e direção atual pede punição para os antigos dirigentes
A Cruz Vermelha Brasileira deu o exemplo e teve coragem de cortar na própria carne. A entidade encomendou uma auditoria internacional e independente para passar um pente fino em todas as suas filiais e nas próprias contas. A ideia da nova gestão é enviar o resultado da auditoria as autoridades e exigir medidas que visem a recuperação dos recursos públicos desviados e da imagem da centenária instituição.
A auditoria conduzida pela empresa inglesa Moore e Stephens concluiu que os desvios estão concentrados quase que exclusivamente nas filiais do Maranhão, Petrópolis e Ceará. No total, foram encontrados gastos sem comprovação e movimentações suspeitas na ordem de R$ 25 milhões. Recursos públicos e de doações que deveriam ter sido empregados em projetos conduzidos por estas filiais entre 2010 e 2012 ou entregues a vítimas de catástrofes, como o terremoto do Japão.
A Cruz Vermelha Brasileira já entregou o resultado da auditoria para o Ministério da Justiça e irá protocolar pedido de providencias judiciais nos Ministérios Públicos federal e estaduais. A direção da entidade pedirá punição aos gestores dessas filiais a época em que ocorreram os desvios. A Cruz Vermelha também estuda medidas judiciais que visem reparação pelos danos causados a imagem da instituição perante a opinião pública.
De acordo com o secretário-geral da CVB, Coronel Paulo Roberto Costa e Silva, a nova direção está empenhada em limpar dos quadros todos aqueles que querem se beneficiar da CVB. “São pessoas que não entenderam o princípio básico que norteia todo o pensamento da Cruz Vermelha, que é o benefício do próximo, a atuação humanitária. Somos uma instituição centenária, mundialmente conhecida e respeitada pela importância do nosso trabalho”, comentou Costa E Silva.
O secretário destacou que os projetos que ocorrem hoje em todo o território nacional tem sido uma referência e é essa a imagem que a nova direção pretende amplificar. “Gerimos uma unidade hospitalar que conseguiu, inclusive, o selo de acreditação hospitalar. Ou seja, uma garantia de boas práticas e de qualidade na prestação de serviços e de atendimento a população”, finalizou.”
Fonte : R7