Copa na Rússia deve custar o triplo da realizada no Brasil
Copa do Mundo de 2018, na Rússia, deve custar mais de três vezes que a do Brasil. Além disto, tem tudo para ser o Mundial mais caro da história. No Brasil, o orçamento da Copa ficou em cerca de R$ 26 bilhões. Na Rússia, a previsão atual é de quase R$ 90 bilhões (US$ 40 bilhões), segundo o ministro russo dos Esportes, Vitaly Mutko.
Além dos altos custos, a Rússia enfrenta tensões com outros países e pode sofrer com estádios sem público, racismo e violência no futebol. Ainda não é possível dizer se as questões políticas – problemas na fronteira com a Ucrânia e a relação de Putin com o Ocidente, que se deteriorou ainda mais após a queda do voo MH17 – terão impacto sobre a realização do torneio.
Porém, as insatisfações internas crescem na medida em que os custos aumentam. A previsão de gastos para as 11 cidades-sede já dobrou: antes, era de US$ 19 bilhões (cerca de R$ 42 bilhões). Críticos também destacam que a capacidade mínima para estádios de Copa do Mundo é de 45 mil lugares, enquanto que a média de público do campeonato russo é de 11,5 mil.
“Estádios têm uma função, mas eles não devem ficar vazios”, disse Nikolay Levshits, ativista em Moscou. “Os custos de construção podem ser reduzidos com investimento privado e patrocinadores. Eu apoio a Copa do Mundo na Rússia, mas não às custas de retirar dinheiro de escolas, hospitais ou do bolso dos aposentados”, acrescentou.
Exemplo do Brasil
O jornalista russo Igor Rabiner disse que os organizadores do país precisam aprender com o exemplo do Brasil. “Quanto mais confortável é o estádio, mais as pessoas vão aos jogos”, afirmou. “Mas uma cidade como Saransk (uma das cidades-sede da Copa de 2018, com uma população de 300 mil habitantes) realmente não precisa de uma arena de 40 mil assentos Por isso, precisamos seguir o exemplo de Arena Corinthians em São Paulo, onde algumas arquibancadas serão parcialmente desmontadas após a Copa”, acrescentou.
A Copa do Mundo será o segundo grande evento esportivo que Rússia sediará em quatro anos, após os Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi neste ano. Os custos da Olimpíada de Inverno, sozinhos, superaram os gastos previstos da Copa e da Olimpíada de 2016 no Brasil. A tocha olímpica chegou a ser enviada ao Pólo Norte e ao espaço.
Apesar dos enormes custos envolvidos, Levshits, um participante ativo em manifestações da oposição, diz que não espera ver protestos como os que ocorreram no Brasil antes do Mundial e, em menor escala, também durante.
“Esse tipo de protesto, aqui, prejudicaria aqueles que participam, pois a TV estatal tentaria retratar os manifestantes como pessoas que tentar estragar uma festa do esporte”, disse ele. “Só podemos expressar nossas preocupações ou oposição por meio de um esforço de compartilhamento de informações calmo e razoável”, concluiu.
Racismo
Na final da Copa no Maracanã, no dia 13, o presidente russo, Vladimir Putin, disse esperar que a Copa ajude a Rússia a combater o racismo, um dos maiores problemas enfrentados pelo país nos preparativos para o Mundial.
“O presidente (da Fifa, Joseph) Blatter faz um esforço pessoal para lidar com as questões sociais e esperamos que os preparativos para a Copa do Mundo na Rússia também contribuam para causas como a luta contra as drogas, racismo e outros desafios que enfrentamos hoje “, disse Putin.
O ex-lateral brasileiro Roberto Carlos e seu ex-colega no clube russo Anzhi Makhachkala, o congolês Christopher Samba, assim como o meia marfinense do Manchester City Yaya Touré, estão entre os que sofreram ataques racistas na Rússia nos últimos anos.
Vandalismo e violência nos estádios também são grandes problemas do país, com torcedores que entram em conflito com a polícia e atrapalham os jogos.
Fonte : BBC