Brasil está atento a risco de calote argentino
O ministro do Desenvolvimento, Mauro Borges, afirmou há pouco ao Valor que o governo brasileiro está observando “atentamente” os desdobramentos do risco de um calote na Argentina após a decisão da Corte Suprema dos Estados Unidos de manter o entendimento de instância inferior da justiça americana sobre o pagamento do país aos credores chamados “holdouts”.
Segundo ele, a incerteza não afeta o acordo automotivo firmado recentemente entre os dois países e não houve qualquer comunicado oficial sobre um eventual pedido de socorro financeiro ao governo brasileiro.
“Acredito que o governo argentino vai conseguir equacionar junto à Suprema Corte uma solução, possivelmente de recurso. Alguma solução vai ter que ser dada, não acredito que isso aí vai repercutir nas reservas cambiais do país. Acredito que vai ter uma solução internacional que equacione o problema”, disse o ministro ao chegar para uma entrevista coletiva no Palácio do Planalto. “Estamos observando atentamente os desdobramentos, mas acredito que vai ter uma solução negociada dessa questão”, completou.
Reportagem publicada pelo Valor nesta sexta-feira mostra que o país vizinho faz mistério sobre uma possível negociação com os credores “holdout”, que ficaram de fora da reestruturação da dívida do país e que ganharam na justiça americana o direito de receber o valor integral. Se não se acertar com eles, o país pode dar um novo calote, o que teria consequências graves para sua economia, com impacto no Brasil.
Na quarta-feira, advogados da Argentina disseram em Nova York que o país estaria disposto a enviar uma missão à cidade para negociar com esses credores, a quem a presidente Cristina Kirchner chama de “fundos abutres”. Ontem, porém, o ministro-chefe de Gabinete, Jorge Capitanich, afirmou que não há previsão de nenhuma missão negociadora. A Justiça americana decidiu que a Argentina não pode continuar pagando os credores que aceitaram a renegociação da dívida sem pagar os “holdouts”.
Fonte: Extra