Croácia vira maior desafio do Brasil na 1ª fase
À época do sorteio para a Copa do Mundo, o técnico Luiz Felipe Scolari disse que havia “um ou dois (grupos) com dificuldade maior” do que o A, onde está o Brasil. Às vésperas da Copa, a preocupação não se mede pela posição dos times no ranking da Fifa, nem pelas chaves nos quais estão agrupados. A preocupação agora tem nome: Croácia.
A Croácia não põe medo exatamente pela posição que ocupa (18º no ranking, enquanto o Brasil é o 3º), mas sim pela dificuldade experimentada pela seleção no amistoso contra a Sérvia, rival escolhida justamente para simular o jogo contra os croatas. Dificuldades à parte, também pesa a ansiedade da estreia.
Tecnicamente, Felipão espera uma equipe mais qualificada que a dos sérvios. “Acho que uma das principais diferenças é que a Croácia tem jogadores mais criativos no meio-campo, que são o Rakitic e o Modric. São jogadores que erram poucos passes. Vamos fazer uma marcação na saída desses dois jogadores principalmente, para dificultar”, disse o técnico após o 1 a 0 diante da Sérvia no Morumbi.
Um dia antes, o treinador já havia dito que o primeiro jogo merece atenção especial. “O que mais preocupa é a Croácia, primeiro porque é um bom time, mas o mais importante de vencer o primeiro jogo é ter a possibilidade de jogar mal e tropeçar nos seguintes e ainda assim classificarmos.”
O capitão Thiago Silva também colocou o duelo da estreia como o mais difícil. “O primeiro (jogo) tem a ansiedade, o nervosismo, a festa antes do jogo. Mas a gente sabe da responsabilidade”, falou à BBC Brasil também depois do último amistoso.
Outro que espera um confronto difícil no jogo inaugural, quinta-feira, em São Paulo, é o jornalista Juca Kfouri, comentarista da ESPN e colunista da Folha de S. Paulo.
“A principal dificuldade é contra a Croácia porque é a estreia e por ser a mais qualificada dos três. Camarões fez um amistoso muito bom contra a Alemanha, e não deve estranhar o clima. Não pode também desrespeitar o México pela tradição recente de ganhar do Brasil. Mas acho que avançam Brasil e Croácia mesmo”, disse à BBC Brasil.
Mas o Brasil também não pode desdenhar de outros adversários da primeira fase, como México (20º, no ranking da Fifa) e Camarões (56º). Veja quais são os desafios da seleção de Felipão na primeira fase:
Depois de ficar fora da Copa do Mundo de 2010, a Croácia superou a Islândia na repescagem das eliminatórias e volta ao Mundial para reencontrar na estreia o adversário do primeiro jogo em 2006, o Brasil.
Daquele confronto, o atual elenco manteve quatro jogadores, contra dois do Brasil, já que os hoje titulares Júlio César e Fred estavam no grupo de oito anos atrás. O atual técnico croata, Niko Kovac, foi zagueiro no torneio sediado pela Alemanha.
Desde a classificação ao Mundial, a Croácia empatou com a Suíça em março e, nos dois amistosos já com o elenco que veio para a Copa, venceu o Mali e a Austrália – este último jogo feito já em território brasileiro. Agora, vive a expectativa de surpreender o Brasil na abertura do Mundial.
“O Brasil é o favorito para conquistar a Copa e certamente tem um time muito melhor que o nosso. Há jogadores ali que podem fazer três gols na gente. Só não achem que podem facilitar, a Croácia não espera nada desse jogo, mas vai deixar tudo em campo. Dar 150%”, disse o ex-jogador Davor Suker, croata que foi artilheiro da Copa do Mundo de 1998.
“Lembro de 2006 quando a gente jogou a partida de abertura também. Todo mundo dizia que aquele Brasil era um dos melhores da história. E perdemos por 1 a 0. O Brasil é o grande favorito, mas tudo é possível”, completou o meia Olic, remanescente do último encontro em Copas.
Brasileiros
A seleção que enfrentará o time brasileiro tem dois jogadores que nasceram no Brasil. O mais conhecido deles é Eduardo da Silva, que chegou ao Dinamo Zagreb, na capital do país, ainda muito jovem, conquistando a cidadania croata em 2002.
Ele acabou preterido na Copa de 2006 e ganhou espaço nos jogos seguintes, mas uma grave lesão em fevereiro de 2008, quando quebrou a fíbula jogando já pelo Arsenal, da Inglaterra, o tirou da Eurocopa daquele ano. Hoje, aos 31 anos, ele atua no Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, e soma atualmente 29 gols pela seleção nacional.
O outro é Sammir, que passou por clubes como Atlético-PR e São Caetano, mas ganhou destaque ao chegar no mesmo Dinamo Zagreb. Na última temporada, atuou pelo espanhol Getafe, por onde sacramentou uma vaga entre os 23 convocados. A estreia dele pela seleção foi em outubro de 2012, e ele chega ao Mundial com seis jogos pela Croácia.
Fonte: BBC