Soldado dos EUA libertado em troca de 5 afegãos de Guantánamo
Os Estados Unidos anunciaram neste sábado a libertação de um soldado americano detido na Afeganistão há quase cinco anos, aparentemente em troca da transferência de cinco prisioneiros de Guantánamo ao Qatar, país que atuou como intermediário na negociação.
A libertação dos prisioneiros foi recebida com agrado pelos talibãs.
“Hoje, o povo americano está feliz por poder receber em casa o sargento Bowe Bergdahl, detido durante cinco anos no Afeganistão”, afirmou o presidente Barack Obama em um comunicado.
“Declaro meu maior reconhecimento ao emir do Qatar por ter ajudado a garantir a volta de nosso soldado”, acrescentou. “O compromisso pessoal do emir é uma demonstração da associação entre nossos países”, enfatizou Obama, que também agradeceu ao governo afegão por sua ajuda na libertação do prisioneiro.
“Em nome do povo dos Estados Unidos, tive a honra de ligar para os familiares (do soldado) para manifestar a eles nossa alegria a respeito de que podem contar com sua volta com toda segurança”, indicou.
Os familiares de Bergdahl se declararam “em êxtase”, em um comunicado difundido pela rede de notícias CNN, acrescentando “não poder mais esperar para abraçar seu único filho”, que foi também o primeiro prisioneiro americano no Afeganistão durante a invasão liderada pelos Estados Unidos no final de 2001.
Segundo fontes oficias, Bowe Bergdahl está bem e sendo tratado pelos médicos da base de Bagram no Afeganistão.
Ele será transferido para um centro médico militar americano em Landstuhl, Alemanha, para continuar com o tratamento médico.
Mediação do Qatar
Foi o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Chuck Hagel, que anunciou que os cinco prisioneiros de Guantánamo foram libertados.
O chefe do Pentágono também confirmou a libertação de Bergdahl, e disse ter informado ao Congresso “sobre a decisão de transferir cinco detidos de Guantánamo para o Qatar”.
No entanto, não foi estabelecido explicitamente um vínculo direto entre os dois eventos anunciados simultaneamente.
Estes cinco ex-prisioneiros já estão sob responsabilidade do Qatar e seus “movimentos e atividades estarão limitados”, segundo a mesma fonte.
A libertação dos presos foi elogiada pelos talibãs como “uma grande satisfação e um imenso prazer”, segundo comunicado emitido.
O emirado do Qatar e seu emir, Tamim Ben Hamad al Thani, tiveram um papel central neste caso.
O Qatar está comprometido há anos com os esforços de reconciliação entre os talibãs e o governo de Cabul, uma iniciativa apoiada pelos Estados Unidos e dentro da qual se inscrevem as negociações para a libertação do soldado Bergdahl.
O secretário de Estado John Kerry, por sua vez, agradeceu em um comunicado “ao governo do Qatar e, especialmente, ao emir Tamim Ben Hamad al Thani por ter tido um importante papel para a volta do sargento Bergdahl”.
Kerry disse ter conversado com o presidente afegão Hamid Karzai sobre este último “processo para discutir os anúncios desta semana pelo presidente Obama”.
Obama prometeu na terça-feira manter 9.800 soldados depois de 2014, invés dos 32.000 que atualmente se encontram no Afeganistão e que deixarão o país progressivamente até o final de 2016, na condição de que o futuro presidente afegão assine o Tratado Bilateral de Segurança (BSA).
O sargento Bergdahl foi capturado em 30 de junho de 2009 no Afeganistão e os talibãs difundiram vários vídeos para demonstrar que estava vivo.
Em setembro de 2013, Chuck Hagel prometeu que os Estados Unidos continuariam dispondo de seus “meios militares, diplomáticos e de inteligência” para conseguir a libertação do sargento Bowe Bergahl.
AFP