Paulo Jacinto poderá usar tijolos desenvolvidos por alunas do IFAL

Sem títuloO tijolo ecológico feito com as cinzas provenientes da queima do bagaço da cana-de-açúcar criado por duas jovens de Palmeira dos Índios, Agreste de Alagoas, começa a render frutos. A prefeitura de Paulo Jacinto apresentou um projeto social à Caixa Econômica Federal e, se aprovado, as jovens irão capacitar 50 pessoas que vivem em um conjunto residencial do Programa da Reconstrução naquele município.

Samantha Mendonça, 19, e Taísa Tenório, 20, eram estudantes do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) e foram orientadas pela professora de engenharia civil Sheyla Marques quando conseguiram desenvolver um tijolo de solo cimento sustentável e com um custo bem baixo.

O objetivo das estudantes sempre foi mudar a realidade de muitas comunidades da própria cidade onde elas nasceram. Palmeira dos Índios, assim como muitos municípios alagoanos, é repleto de casas de taipa, edificações feitas com barro socado entre estacas e ripas.

O sonho está prestes a se tornar realidade. Isso porque o analista de projetos sociais da Caixa, Diego Costa, conheceu o trabalho das meninas, depois da repercussão causada pela divulgação do projeto pela imprensa, e sugeriu que a prefeitura de Paulo Jacinto, que tem pouco mais de sete mil habitantes, fizesse um projeto para as famílias de um conjunto residencial do Programa da Reconstrução.

Costa explica que o programa federal exige que o município apresente um projeto social para inclusão das famílias. “Eu sabia que a prefeitura de Paulo Jacinto precisava de um projeto e sugeri que fosse relacionado ao tijolo ecológico. O município gostou da ideia e começou a correr atrás”, afirma.

O objetivo do projeto é capacitar 50 pessoas que vivem no conjunto residencial para que elas produzam os tijolos feito com as cinzas do bagaço de cana-de-açúcar. “Precisávamos de um projeto economicamente viável e ecologicamente correto. E a produção desses tijolos se encaixa perfeitamente no que precisávamos”, diz Amanda de Assunção Santos, diretora de habitação, da Secretaria de Assistência Social de Paulo Jacinto.

Amanda diz ainda que o projeto pronto foi entregue à Caixa Econômica na última sexta-feira (23). “Esse grupo vai passar por um curso de capacitação que deverá durar três meses e, além de aprenderem a produzir o tijolo, vão ter aulas de sustentabilidade e dicas de como poluir menos o meio ambiente”, diz.

A diretora de habitação explica que o grupo deverá se organizar em cooperativas ou por meio de alguma outra maneira para produzir e comercializar os tijolos. “O primeiro parceiro que irá adquirir esses tijolos será a própria prefeitura que deverá usá-los em reformas, por exemplo. Mas também vamos fazer o meio de campo com construtoras da região. Para auxiliar na produção, vamos ceder duas prensas automáticas, indicadas pela professora Sheyla, que terá capacidade para produzir até dois mil tijolos por dia, quando adquirirem prática”, afirma.

As estudantes e a professora Sheyla Marques só comemoram. Foram dois anos de estudos e de muitas tentativas até chegar ao produto final. “Espero que a implantação dos tijolos no conjunto residencial de Paulo Jacinto dê certo, já que o foco do projeto sempre foi levá-los para a parte social”, diz Samantha.

“Desde o início o que queríamos era levar os tijolos para as comunidades carentes e essa é uma das grandes conquistas”, afirma a professora.

O futuro das meninas é promissor. Taísa Tenório já passou no vestibular da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) no curso de Engenharia Civil e começa no segundo semestre. Samantha tenta o mesmo caminho. “Eu estou estudando muito porque quero cursar Engenharia Civil e pretendo ingressar na faculdade no ano que vem”, diz.

Reconhecimento
O projeto alternativo de construção civil saído das salas de aulas do Campus Palmeira dos Índios do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) foi premiado com a medalha de bronze na categoria Science, da Genius Olympiad, evento realizado nos Estados Unidos, vinculado à área ambiental, que selecionou mais de 200 projetos pelo mundo.

A expectativa agora é a participação na Expor Milset, que será realizada no Ceará. Sendo finalista na feira, o grupo pode ter a chance de apresentar a pesquisa no evento científico internacional ainda em Abu Dabi, no Oriente Médio.

 

Fonte: Redação com agências

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