Família de mulher morta em ação da PM recebe pensão a partir de junho
O governo do Rio informou neste domingo (25) que a família da auxiliar de serviços gerais Cláudia da Silva Ferreira, que teve o corpo arrastado por 350 metros por um carro da Polícia Militar em março deste ano, no Morro da Congonha, em Madureira, no Subúrbio do Rio, vai receber a partir de junho uma pensão mensal. O pagamento será feito pelo estado até agosto de 2040, quando Claudia completaria 65 anos. Os valores, segundo o Governo, não podem ser divulgados, como prevê o acordo com familiares.
O acordo determina que a pensão será paga da seguinte forma: todos os quatro filhos de Claudia receberão o dinheiro do estado até completarem 21 anos. Assim que atingem a idade limite, deixam de receber o valor e ele passa a ser destinado ao seu irmão mais novo, que acumula desta forma os pagamentos, até completar também 21 anos. Quando o filho mais novo de Claudia chegar aos 21 estará recebendo, além da própria pensão, os valores referentes às pensões dos outros três irmãos mais velhos.
A família também recebeu uma indenização no dia 29 de abril, após assinatura de acordo entre a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro e o governo, informa nota. A indenização que o viúvo e os quatro filhos de Claudia receberam foi por danos morais e materiais.
Conclusão do inquérito
O inquérito que investiga a morte de Cláudia Ferreira da Silva foi finalizado pela Polícia Civil após dois meses de investigação. Os seis policiais militares foram indiciados por fraude processual e dois deles vão responder também por homicídio culposo (quando não há intenção de matar).
O tenente Rodrigo Boaventura, o sargento Zaqueu Pereira Bueno, o cabo Gustavo Meirelles, os subtenentes Adir Serrano Machado e Rodnei Miguel Arcanjo e o sargento Alex Sandro da Silva Alves, indiciados pela Polícia Civil, disseram que chegaram ao Morro da Congonha, em Madureira, cerca de meia hora após o chamado para socorrer Cláudia. Rodrigo Boaventura e Zaqueu Pereira Bueno admitiram ter trocado tiros com traficantes no local no dia 16 de março, quando a auxiliar de serviços gerais foi baleada.
Os agentes serão levados a júri popular e, se condenados, podem pegar até 2 anos de prisão. O advogado Nélio de Andrade, que defende Rodrigo Boaventura e Zaqueu Pereira Bueno, disse que o tiro que atingiu Cláudia não partiu das armas desses dois policiais. Os policiais foram soltos no início de maio, quando o prazo de prisão temporária expirou, segundo a Polícia Militar. O prazo de 30 dias já havia sido prorrogado por mais 15. A PM informou que os policiais permanecerão em funções administrativas enquanto durar o processo.
Arrastada por 350 metros
Cláudia Ferreira teve o corpo arrastado por 350 metros no trajeto entre o Morro da Congonha e o hospital onde foi socorrida, em Marechal Hermes, no Subúrbio do Rio. Segundo a Polícia Civil, no entanto, ela não morreu em decorrência dos ferimentos provocados pelo atrito no asfalto mas por disparo de arma de fogo.
Segundo o atestado de óbito, a causa da morte foi “laceração cardíaca e pulmonar de ferimento transfixante do tórax por ação perfurocortante”, ou seja, devido ao tiro.
Após ser baleada, Cláudia foi colocada por PMs no porta-malas para ser levada para o Hospital Carlos Chagas, onde chegou sem vida, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. No meio do caminho, no entanto, a mala abriu, ela ficou presa por um pedaço de roupa ao carro, e teve parte do corpo dilacerada ao ser arrastada pelo asfalto. Um cinegrafista amador registrou o momento em que ela é arrastada (o vídeo foi divulgado pelo jornal “Extra”).
De acordo com a PM, a tranca do porta-malas não tinha defeito — o que pode agravar a punição dos três policiais que participaram do “socorro” frustrado. Os subtenentes Adir Serrano Machado e Rodney Miguel Archanjo e o sargento Alex Sandro da Silva Alves estão presos no Complexo Penitenciário de Bangu 8. No dia 18 de março, eles tiveram o pedido de soltura negado pela Justiça Militar.
Fonte: G1