Atirador da Califórnia se descrevia como ‘sofisticado e educado’

Sem títuloElliot Rodger, o jovem de 22 anos que matou seis pessoas na cidade de Isla Vista, na Califórnia, se descrevia como um “cavalheiro sofisticado e educado” em seu blog.

Depois de esfaquear até a morte três pessoas em seu apartamento, na noite de sexta-feira (23), e sair pelas ruas atirando – fazendo outras três vítimas – Rodger se matou.

De acordo com o perfil publicado pelo próprio jovem em sua página pessoal, intitulada “Elliot Rodger’s Official Blog”, ele nasceu no Reino Unido e se mudou para os Estados Unidos com 5 anos de idade. Desde então, viveu em Calabasas e em Woodland Hills, ambas na Califórnia, até ingressar na faculdade e se mudar para a cidade de Isla Vista, no mesmo estado.

“Meu pai é de ascendência britânica e minha mãe é de ascendência asiática, o que faz de mim um euroasiático”, escreveu Rodger. Ele descrevia ainda que gostava de praticar exercícios, fazer caminhadas, observar o pôr-do-sol, ir a bons restaurantes, frequentar festas, além de moda e de carros. Ele contava já ter visitado 10 países.

Rodger também afirmou que estava frequentando a Universidade da Califórnia em Santa Barbara e comentava sobre a dificuldade de se “enquadrar na cena social” da instituição. “Há muitas pessoas detestáveis que arruinaram toda a minha experiência naquele lugar.”

Em uma publicação do blog de 16 de abril, Rodger declarou que “estar solitário em um lugar bonito como Santa Barbara” era uma “experiência horrível”.

Rejeitado pelas garotas
Antes da matança, Rodger publicou um vídeo no YouTube, de cerca de 7 minutos, no qual anunciou que teria sua “vingança contra a humanidade”. A principal motivação alegada pelo estudante para o crime era de que “as garotas nunca foram atraídas por ele” e que, por isso, ele iria “punir” todas elas.

“Tenho 22 anos e ainda sou virgem. Nunca nem beijei uma garota. Tenho frequentado a faculdade por dois anos e meio, mais do que isso até, e ainda sou virgem. Tem sido muito torturante”, disse Rodger, no vídeo. “Não sei o que vocês não veem em mim. Eu sou o cara perfeito e, ainda assim, vocês se jogam nesses homens detestáveis em vez de mim, o cavalheiro supremo” afirmou, dirigindo-se às garotas que o rejeitaram.

Ainda nas imagens, em que o jovem aparece dentro de um carro estacionado, ele descreve seu plano de entrar na moradia de estudantes “mais quente” da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara (UCSB) e “matar cada vagabunda loira mimada” que ele encontrasse.

O xerife do Condado de Santa Barbara, Bill Brown, disse à Reuters que, depois de esfaquear até a morte três homens em seu apartamento, ele realmente se dirigiu a uma moradia de estudantes próxima de sua casa.

As moradoras ouviram alguém bater na porta de forma agressiva, mas não atenderam, segundo Brown. Momentos depois, testemunhas disseram ter visto Rodger atirar em três jovens que estavam do lado de fora da residência, incluindo Katherine Cooper, de 22 anos, e Veronica Weiss, de 19 anos, que morreram.

Em seguida, ele dirigiu até um restaurante, onde entrou e atirou no estudante Christopher Michael-Martinez, de 20 anos, que também morreu. Rodger ainda atirou em outros pedestres enquanto fugia em seu carro. Quando a polícia chegou ao carro do jovem, ele estava morto, aparentemente por um tiro disparado por ele próprio.

Além dos mortos, outras 13 pessoas ficaram feridas, 8 das quais levaram tiros.

Mentalmente perturbado
De acordo com declarações do xerife Bill Brown, era “muito aparente que ele era mentalmente perturbado”. O xerife disse ainda que o crime foi “obviamente o ato de um louco”, acrescentando que o jovem já tinha sido atendido por profissionais da saúde de várias especialidades. A polícia não esclareceu, porém, se o atirador tinha um diagnóstico mental específico.

De acordo com a “BBC”, o pai de Rodger, o diretor de Hollywood Peter Rodger, afirmou que o filho tinha a síndrome de Asperger e que “tinha dificuldade de fazer amigos”.

Os policiais locais tiveram contato com o estudante em três ocasiões anteriores ao crime, de acordo com Brown. Uma delas aconteceu no mês passado, após o contato de um familiar do jovem, que pediu à polícia para verificar se estava tudo bem com o jovem. Na ocasião, os policiais que o entrevistaram acharam o jovem educado e gentil, não adotando nenhuma medida adicional.

Manifesto escrito
Ainda segundo Brown, além do vídeo postado no YouTube no dia da matança, Rodger também tinha escrito um manifesto de 141 páginas. De acordo com a “CNN”, Brown afirmou que o texto pode ser descrito como “parte autobiografia, parte diário”. Nele, o jovem já falava de seu plano de matar três pessoas em seu apartamento.

No relato, o jovem contou inclusive sobre a visita que recebeu da polícia no mês passado, quando ele teve medo de que seu plano pudesse ser arruinado. “Tive um medo devastante de que alguém, de alguma forma, tivesse descoberto o que eu estava planejando fazer, e me denunciado por isso”, escreveu o estudante no manifesto, obtido pela televisão KEYT, da Califórnia.

“Se esse fosse o caso, a polícia teria revistado meu quarto e encontrado todas as minhas armas, junto com meus escritos sobre o que eu planejo fazer com elas. Eu seria preso e seria privado da chance de perpetrar a vingança contra meus inimigos. Não consigo imaginar um inferno mais sombrio do que esse.”

Família
Segundo a “CNN”, uma amiga da família afirmou que o estudante enviou esse manifesto por e-mail a um grupo de pessoas, incluindo seus pais e pelo menos um de seus terapeutas. O estudante era filho de Peter Rodger, que foi diretor assistente do filme “Jogos vorazes”, sucesso de bilheteria de 2012.

Isso levou a mãe do rapaz, segundo a fonte ouvida pela “CNN”, a visitar a página do YouTube do filho e a ver seu vídeo final. Ela, então, ligou para o marido e para a polícia. Os pais se dirigiram para Santa Barbara para, mais tarde, descobrir que o filho tinha sido o responsável pela matança ocorrida na cidade.

De acordo com a Reuters, o advogado dos Rodger, Alan Shifman, disse que a família oferecia solidariedade às pessoas afetadas pela tragédia e acrescentou que eles estavam “experimentando a dor mais inconcebível”.

O advogado também acrescentou que a família contatou a polícia há algumas semanas, depois de se alarmar com vídeos que o jovem estava postando no Facebook com referências a suicídio e a matança de pessoas.

 

Fonte: G1

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