Sofre com cólicas menstruais? Problema faz parte da dismenorreia

Sofre com cólicas menstruais? Problema faz parte da dismenorreia, que inclui outros sintomas

Para algumas mulheres o período menstrual é aquele tormento. Além da cólica, vêm junto náusea, vômito, dor lombar, diarreia e dor de cabeça. Com tanto mal estar, fica até difícil fazer as atividades diárias e trabalhar.

Segundo Gabriela Lauretti, professora associada do departamento de Anestesia e Dor da Escola de Medicina de Ribeirão Preto (USP) e fundadora do Centro de Tratamento da Dor do Hospital de Ensino da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP), isso tudo é causado pela dismenorreia, um distúrbio patológico associado à menstruação.

Ela explica que, durante a menstruação, há uma queda no nível de progesterona, que ativa a síntese de prostaglandinas, substâncias sensibilizadoras dos terminais nervosos do útero. Portanto, quanto maior a produção delas no tecido uterino, mais intenso será a cólica.

De acordo com Gabriela, o que classifica a gravidade do problema é o nível da dismenorreia. “Ela é definida como primária ou secundária. No caso da primária, não está associada a uma doença de base e somente os sintomas devem ser tratados.

Já a secundária tem uma patologia associada. A causa mais comum é a endometriose, doença que afeta de 5% a 15% das mulheres, e que se caracteriza pelo crescimento de tecido endometrial fora do útero”, alerta a especialista.

Portanto, é muito importante ficar atenta ao que você sente. Se a dor for muito forte, procure sua ginecologista que, certamente, recomendará que você faça exames laboratoriais e de imagem. E fique sabendo que estudos mostram que a doença vem aumentando devido à mudança no estilo de vida das mulheres, como o fato de adiar da maternidade.

Os sintomas podem ser amenizados

Como explicou a especialista, quando se trata da dismenorreia primária, as dores sofridas com as cólicas podem ser minimizadas. Para melhorar esse desconforto existem dois caminhos: inibir a produção de prostaglandinas ou impedir que o estímulo doloroso alcance a medula espinal.

Segundo Gabriela, a tão polêmica pílula anticoncepcional pode ser muito útil no primeiro caso. “Ao prevenir a ovulação com o medicamento, ocorre a supressão da ação da progesterona no endométrio uterino, resultando em diminuição da produção de prostaglandinas e do volume líquido da menstruação, o que ajuda a reduzir a dor”, conta.

Ela alerta que os anti-inflamatórios, tão usados pelas mulheres para reduzir o mal estar, não são a melhor solução. “Eles impedem a produção de prostaglandinas, porém, há uma alta incidência de efeitos adversos, como alteração da função renal”, destaca.

Para impedir que o estímulo doloroso atinja a medula espinal, os mecanismos são outros. Pode-se aplicar externamente na pele, logo abaixo do umbigo, um aparelhinho de estimulação muscular elétrica nervosa transcutânea (TENS), que possui versões descartáveis e de fácil utilização.

“Quando as fibras das vísceras (C e Adelta) são estimuladas pelas prostaglandinas, há o envio da mensagem ‘dor’ para a medula espinal e para o cérebro.

Quando esse dispositivo que está na região pélvica é ligado, estimula um tipo de fibra chamada Abeta que impede que o estímulo das fibras C e Adelta envie a mensagem.

Esse processo é conhecido como “Teoria do Portão” e funciona como se a porta para a subida do estímulo doloroso fechasse sem a necessidade de ingerir remédios”, esclarece.

Quem é adepta da tradicional bolsa de água quente, pode continuar usando – se for suficiente para amenizar a dor. Segundo Gabriela, o calor estimula a vasodilatação das artérias que irrigam o endométrio e provoca a sensação de relaxamento, aliviando o desconforto. Outro paliativo para a dor é a atividade física.

Por serem exercícios moderados, alongamento, ioga, caminhada ou passeio de bicicleta podem ser benéficos, pois liberam endorfinas, que possuem propriedades analgésicas.

Já aquele velho mito de que pisar no chão descalça piora a dor não tem qualquer fundamento científico. Portanto, se a cólica apertar e te impedir de viver a vida lá fora, não se acanhe e peça ajuda a sua ginecologista.

Evite se automedicar e busque logo um tratamento. A prevenção ainda é o melhor remédio.

Vanessa Sarzedas (Terra)

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