Vereadores querem criar companheira para “homenzinho do semáforo”

Ampelmännchen indicando que o semáforo está aberto para os pedestres

Ampelmännchen indicando que o semáforo está aberto para os pedestres    (Getty)

Um dos símbolos de Berlim, o Ampelmännchen, o homenzinho de chapéu que aparece nos semáforos de pedestres da cidade, pode ganhar uma “companheira”. Vereadores do Partido Social-Democrata (SPD) de um dos distritos da cidade afirmaram que o antigo símbolo criado pelo antigo governo comunista nos anos 60 não reflete a igualdade de gênero e pediram a introdução de uma “Ampelfrau” nos semáforos.

De acordo com o jornal alemão Der Tagesspiegel, a vereadora Martina Matischok-Yesilcimen, de 49 anos, disse que o pedido não tem como objetivo substituir o Ampelmännchen, mas sim “completá-lo”. “As mulheres precisam estar mais presentes nas ruas da capital. Somos uma cidade com diversidade e isso precisa ser visto”, disse. Segundo o pedido, o desenho desejado da “companheira” não deve refletir “estereótipos femininos”, como o uso de “minissaia”, “saia longa” “tranças” ou “salto alto”, e sim apresentar uma mulher “moderna e confiante”. Resta saber o que os desenhistas poderão fazer com essas instruções.

O pedido vai ser discutido pela Assembleia Distrital no dia 22 de maio. Um porta-voz do Departamento de Trânsito da cidade já avisou que não simpatiza com a ideia e que o novo desenho pode causar confusão entre os pedestres. A inciativa de apresentar uma companheira para o Ampelmännchen não é inédita. Algumas cidades do leste como Zwickau e Dresden têm semáforos que mostram “bonequinhas”, mas, para horror das feministas sociais-democratas, elas têm tranças e usam vestidos longos.

Histórico – Esta também não é a primeira vez que o Ampelmännchen berlinense sofre ataques. Nos anos 90, após a queda do comunismo, ele quase foi inteiramente banido dos semáforos de Berlim. À época, as novas autoridades ocidentais anunciaram a intenção de substituir os antigos semáforos comunistas por modelos mais modernos e padronizados com a Europa Ocidental – e com homenzinhos sem chapéu.

Um grupo de cidadãos organizou um movimento chamado “Salvem o Ampelmännchen” e foi bem-sucedido. O símbolo permaneceu e acabou até mesmo sendo adotado nos semáforos da área ocidental de Berlim. Nos anos seguintes, um empresário fundou uma empresa chamada Ampelmann e passou a estampar o desenho em canecas, camisetas e outros objetos. O negócio prosperou e virou uma rede de lojas. O homenzinho virou ainda um dos símbolos máximos da chamada Ostalgie, a febre retrô por símbolos e produtos do antigo regime comunista.

Criador – Em uma entrevista para a revista Der Spiegelconcedida em 2011, quando o símbolo completou 50 anos, o criador do Ampelmännchen, o psicólogo de trânsito Karl Peglau, contou que temeu que as autoridades comunistas não aprovassem o desenho quando ele o apresentou nos anos 60. Ele achava que os chefões da antiga Berlim comunista acabariam considerando o chapéu “muito burguês”. Para sua surpresa, o desenho foi aprovado.

Os chefões ordenaram apenas uma alteração: que o bonequinho – que originalmente apontava para a direita – passasse a andar em direção à esquerda quando o semáforo estivesse aberto. Já os vereadores sociais-democratas que querem a introdução da Ampelfrau em Berlim não indicaram para qual lado ela deve andar.

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