Caso Diego Florêncio: Acusados vão a júri nesta terça

unnamed (43)Após sete anos, o julgamento do assassinato do estudante de Análise de Sistemas, Diego Santana Florêncio, ocorrido em junho de 2007 – crime que causou muita comoção em Palmeira dos Índios à época e ainda hoje é motivo de revolta na população e familiares da vítima -, foi marcado para esta terça-feira,dia 13 de maio, no Fórum de Maceió.

O juiz Maurício Brêda será o responsável pela condução do júri popular. Três réus serão julgados: Antônio Garrote, filho da ex-prefeita de Estrela de Alagoas, Ângela Garrote; Paulo José Leite Teixeira, conhecido como “Paulinho do Cartório” e Juliano Teixeira Balbino.

O julgamento vai acontecer em Maceió, após a mãe do jovem, a professora Leoneide Florêncio, solicitar ao Tribunal de Justiça de Alagoas o desaforamento do júri, sob alegação de que familiares dos réus, todos pertencentes a influentes famílias da cidade de Palmeira dos Índios, estariam usando de coerção com a finalidade comprometer a imparcialidade do júri popular e intimidar testemunhas.

De acordo com a denúncia feita pela mãe do jovem, morto com 12 disparos, sendo a maioria na cabeça, a família Garrote, de muita influência política e financeira em Palmeira dos Índios e na região, estaria fazendo ameaças a testemunhas e teria, inclusive, oferecido propina ao então juiz responsável pelo júri, Luciano Andrade de Souza.

A acusação da professora resultou em ação judicial em seu desfavor. O magistrado impetrou um ação que culminou na condenação de Leoneide Florêncio gerando o pagamento de uma indenização de R$ 10 mil, a título de dano moral, o que foi revertido em distribuição de cestas básicas.

O desaforamento do caso foi concedido em agosto de 2013. O relator, juiz Celyrio Adamastor, teve seu voto acompanhado pela unanimidade do Pleno do Tribunal de Justiça de Alagoas. “Em face da forte influência política e temor é facilmente percebível a imparcialidade do júri naquela cidade, como prova, temos nos autos o depoimento de uma testemunha que foi ameaçada. As informações do juiz assumiram papel fundamental quando respaldadas em elementos concretos da influência política, social e econômica dos acusados na região”, salientou Adamastor.

Comoção

A morte de Diego Florêncio causou muita comoção no município, principalmente pela futilidade que gerou a violência. Segundo o inquérito policial, o universitário foi assassinado a tiros de pistola 380, quando retornava a sua residência após ter saído com um amigo para lanchar.

Na lanchonete, o universitário teria discutido com o acusado Paulinho do Cartório. Na avenida Vieira de Brito nas imediações do Cruzador, Diego foi atingido por 12 disparos.

Diego chegou a ser socorrido e levado ao Hospital Santa Rita, em Palmeira dos Índios, onde foi atendido pelo próprio pai, o médico Ricardo José Florêncio, que estava em plantão naquela fatídica noite. Abalado ao ver a cena, ele desmaiou. A equipe médica não conseguiu reverter o quadro e o jovem estudante, instantes depois, entrou em óbito.

Os acusados Antônio Garrote, um dos acusados do assassinato, é filho de Ângela Garrote e irmão de Arlindo Garrote. Ela é ex-prefeita de Estrela de Alagoas. O filho, Arlindo, assumiu ano passado.

Sentindo-se injustiçado e psicologicamente abalado pelas denúncias de envolvimento na morte do estudante, o empresário Paulo José Leite Teixeira, o “Paulinho do Cartório”, nega participação no crime.

O terceiro suspeito de envolvimento na morte do estudante, Juliano Teixeira Balbino, não foi localizado pela reportagem até o fechamento desta matéria.

Tristeza e esperança

A morte de Diego Florêncio causou muita comoção no município, principalmente pela futilidade que gerou a violência. Segundo o inquérito policial, o universitário foi assassinado a tiros de pistola 380, quando retornava a sua residência após ter saído com um amigo para lanchar.

Diego chegou a ser socorrido e levado ao Hospital Santa Rita, em Palmeira dos Índios, onde foi atendido pelo próprio pai, o médico Ricardo José Florêncio, que estava em plantão naquela fatídica noite.

Abalado ao ver a cena, ele desmaiou. A equipe médica não conseguiu reverter o quadro e o jovem estudante, instantes depois, entrou em óbito.

Vítima maior do assassinato do próprio filho, a professora Leoneide Florêncio, busca incessante por justiça desde a trágica noite de 23 de julho de 2007. Ela, que reside em Maceió a pouco tempo, concedeu entrevista exclusiva à reportagem do Estadão Alagoas.

unnamed (42)Mesmo abalada e na tensão de encarar, pela primeira vez, os acusados da morte do jovem estudante, ela ainda tem esperança de ver a justiça ser feita com o julgamento.

“Acho que a justiça se faz quando se condena os culpados pelos seus crimes. Nunca [pensei em] desistir, nunca perdi minha fé nem a esperança. Nunca deixei de acreditar na justiça, e continuo acreditando porque sei que ela virá com certeza. Emocionada, ela lembra do filho com a dor da perda de uma mãe. “Amigo, companheiro de todas as horas, meu confidente, prestes a assinar seu diploma de Analista de Sistemas, ser assassinado sem defesa nenhuma. Sou eu quem fiquei doente até hoje. Por isso tive que sair da minha cidade que tanto amava, por ordens médicas para poder ter um pouco de paz. Quanto às ameaças, sinto ameaçada até este momento. Só Jesus para mim proteger. Sinto-me muito triste, porque são longos anos lutando a cada dia e pedindo justiça. Estou à espera do julgamento para ver se ameniza um pouco a minha dor e sofrimento”, desabafou.

 

A outra Versão

140314palmeiraO advogado dos acusados, Raimundo Palmeira afirmou que o processo está cheio de dúvidas e suposições.

“Não foi encontrada nenhuma prova nos diversos documentos de que os meus clientes tenham participação no caso. Temos que nos basear pelas provas, não por suposição”disse Palmeira.

Segundo ele, toda a acusação foi induzida por um familiar da vítima,  o ex-militar  Hermanes.

De acordo com Palmeira a família de Diego passou a acreditar na versão, mas não existe nada de concreto contra Paulinho, Toninho e Juliano, que foi acusado de ser o autor do crime.

“Não existe prova contra meus clientes, a testemunha, Thiago Limeira, não reconheceu nenhum deles como sendo os autores do assassinato”, acrescentou o advogado.

O advogado destaca a inexplicável participação de Toninho no caso.

O advogado salienta que no processo a denúncia não explica como teria sido a suposta participação de Toninho no caso.

“O Conselho de Sentença não pode se basear em suposições para condenar alguém”, questiona Palmeira, acreditando na absolvição de seus clientes.

 

Carlos Alberto Júnior

Repórter especial Estadão Alagoas

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