Portugal é o país da Europa com maior taxa de depressão

2013-10-09231612_CA967162-B341-4FEB-88DD-FECB0766BF67$$738d42d9-134c-4fbe-a85a-da00e83fdc20$$1bb9c52c-9d09-4d9f-ac7f-04cd69798cb1$$odia_imagem_grande$$pt$$1Segundo os dados revelados à Lusa pelo coordenador português da Aliança Europeia Contra a Depressão, o psiquiatra Ricardo Gusmão, os Estados Unidos é o único país que fica à frente de Portugal em taxa de depressão e perturbações mentais no geral.

“Parece que a conhecida melancolia portuguesa tem uma tradução psiquiátrica”, reconhece Ricardo Gusmão.

Mas, apesar de o consumo de antidepressivos ser muito mais elevado em Portugal do que noutros países, continuam a existir muitos doentes graves sem tratamento.

“A mais grave consequência do não tratamento da depressão é o suicídio e a maioria dos suicídios ocorre no contexto de depressão”, recorda o médico, em entrevista à Lusa, a propósito do Dia Europeu da Depressão, que se assinala sábado.

Uma das razões para a ausência de tratamento pode ser o estigma relacionado com a doença mental, que parece ser maior em Portugal do que noutros países, e existe não só entre os doentes, como na classe médica.

“Ainda é frequente haver médicos que acham que a depressão não é uma doença. Mas as doenças mentais são doenças do cérebro, e não do espírito, e o cérebro é o órgão que regula todos os outros. Em dois terços das pessoas com depressão, o primeiro sintoma que surge é físico”, explica o psiquiatra.

Para retirar o peso do estigma, Gusmão defende uma alteração dos currículos universitários de medicina, colocando o foco destas doenças no cérebro e no modelo médico e não no psicológico.

Há também muito estigma em relação aos próprios antidepressivos, que o médico garante não causarem dependência, ao contrário das benzodiazepinas, fármacos para a ansiedade.

A dificuldade de acesso a cuidados de saúde adequados pode ser outra das causas para que tantos portugueses com doença mental não tenham tratamento.

Ricardo Gusmão assume que, com os níveis atuais de consumo de antidepressivos, seria de esperar que a saúde mental em Portugal estivesse melhor.

Pode acontecer que as pessoas tomem mal a medicação, abandonando-a ou não a seguindo pelo período de tempo necessário, e até que haja quem a toma sem ter grande necessidade. Mas há, seguramente, diz o psiquiatra, quem está a ficar sem tratamento.

Entre 1995 e 2009, as vendas de antidepressivos aumentaram 300%. A Aliança Europeia Contra a Depressão em Portugal diz que estes remédios têm ficado cada vez mais baratos, permitindo maior acesso.

“Mas se nem todos estão a ser tratados. O que há a fazer é racionalizar a prescrição destes fármacos”, defende Ricardo Gusmão.

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