Interrupção de serviços públicos também representa ameaça à Copa
No dia em que manifestantes saíram às ruas em pelo menos nove cidades brasileiras para reivindicar políticas públicas de qualidade ou para ameaçar fazer greve, a presidente Dilma Rousseff ficou sem saída. Em vez de faturar politicamente com a visita à Arena Corinthians, que vai sediar a abertura da Copa do Mundo daqui a 34 dias, teve que se reunir com o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) em São Paulo.
A cinco meses da eleição presidencial, e no momento em que a comunidade internacional está com os olhos voltados para o Brasil — receosa pela segurança de milhares de turistas, não só pelos protestos, mas pela escalada da violência em todo o país —, o governo insiste em minimizar o problema, alimentando as críticas da oposição. Agora, não são apenas os black blocs que acendem o sinal de alerta: a interrupção de serviços públicos também representa uma ameaça.
Na pista de pouso próxima ao estádio, Dilma se comprometeu a estudar a inclusão do segmento no programa federal Minha Casa, Minha Vida. Enquanto isso, no Rio de Janeiro, 467 ônibus eram depredados.
Moradores de Florianópolis também protestaram por melhores serviços de transporte. O dia foi marcado ainda pelo lançamento da campanha “Brasil, chega de bola fora!”, capitaneada em mais de 20 países pela Anistia Internacional, com o objetivo de garantir o direito à manifestação pacífica durante o Mundial.
Cinco protestos de sem-teto, criticando os gastos com a realização da Copa e cobrando moradias populares, interditaram vias importantes da capital paulista.
A movimentação do grupo só arrefeceu quando a presidente Dilma recebeu representantes dos manifestantes no bairro de Itaquera, onde fica a Arena Corinthians, na Zona Leste de São Paulo. Lá, a presidente ouviu as queixas dos sem-teto, inclusive as reivindicações de desapropriação de uma área, a 3km do estádio, apelidada de Copa do Povo, onde há um acampamento improvisado. Outro pedido dirigido a Dilma é que o governo aumente o valor da renda familiar para entrar no Minha Casa, Minha Vida — atualmente de R$ 1,6 mil. O encontro durou cerca de 20 minutos e contou com a participação do prefeito Fernando Haddad (PT).
Ele disse que respeita a legitimidade do movimento, mas frisou que desapropriações de novos terrenos precisam seguir um rito, de acordo com o plano diretor da cidade.
Correio Braziliense