Nova onda de violência no Iraque mata 80 pessoas
O Iraque vive uma nova onda de violência que matou mais de 80 pessoas nas últimas 24 horas, o que provoca temores de novos ataques durantes as eleições legislativas de quarta-feira (30/4), as primeiras desde a saída das tropas americanas do país, em 2011.
Nesta terça-feira, ao menos 20 pessoas foram mortas em um duplo atentado contra um mercado em uma cidade do leste do país, no dia seguinte a uma série de ataques que fizeram 64 vítimas fatais, incluindo vários membros das forças de segurança, e uma centena de feridos.
Mais de 20 milhões de eleitores são convocados às urnas em um país mergulhado há vários meses em uma espiral de violência. Desde janeiro, mais de 20 iraquianos morreram em média a cada dia em ataques. Alvos regulares, as forças de segurança parecem incapazes de acabar com o banho de sangue.
Ninguém reivindicou os últimos atentados, mas os ataques são normalmente atribuídos pelo governo a grupos sunitas. As tensões entre xiitas e sunitas são profundas no Iraque e se tornaram um argumento político, utilizados pelo primeiro-ministro xiita Nuri al-Maliki e pelos jihadistas sunitas.
As forças de segurança e os iraquianos que residem no exterior começaram a votar dois dias antes do início das primeiras eleições legislativas.
A espiral de violência colocou a questão da segurança no centro dos debates, razão pela qual Maliki e seu partido, a Aliança para o Estado de Direito, basearam a campanha na necessidade de união em apoio ao governo para acabar com o banho de sangue.
“Os insurgentes não vão permanecer sentados. Eles vão atacar como puderem para desacreditar o governo, desacreditar as forças de segurança e, se possível, desencorajar os iraquianos a votar”, considera John Drake, especialista em segurança da AKE group. Por temor de ataques, as autoridades decretaram cinco dias de feriado – de domingo a quinta-feira – para tentar dar maior segurança às eleições.
Em um relatório divulgado na segunda-feira, o International Crisis Group observou que o primeiro-ministro soube aproveitar a ameaça terrorista e, particularmente, a situação na província sunita de Al-Anbar, onde a cidade de Fallujah está sob controle rebelde.
Insurgentes do Estado Islâmico no Iraque e Levante (EIIL) assumiram em janeiro o controle desta cidade a 60 km de Bagdá, assim como alguns bairros de Ramadi, 40 km ao oeste da capital.
“A crise salvou as chances de Nuri al-Maliki nas legislativas, já que seu segundo mandato tem sido amplamente considerado um desastre: nos últimos dois anos, o aumento da violência, os abusos por parte das forças de segurança, as inundações na capital e sua administração catastrófica das manifestações sunitas desacreditaram seu governo”.
A lista de queixas é de fato terrivelmente longa. Os iraquianos estão cansados do desemprego, da corrupção endêmica e da falta de serviços públicos, para não mencionar o ressurgimento da violência.
As instituições também estão em parte paralisadas devido à crise política e à insegurança, e o Parlamento aprovou muito poucos projetos desde 2010.
AFP