Caseiro é preso suspeito de participar de morte do coronel Malhães
O caseiro Rogério Pires foi preso, na manhã desta terça-feira, acusado de envolvimento na morte do coronel Paulo Malhães, na sexta-feira passada, no sítio onde ele morava com a mulher, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. A nóticia da prisão foi confirmada pelo delegado William Pena Junior, assistente da Delegacia de Homicídios da Baixada. De acordo com o policial, outros dois envolvidos no crime já forma identificados e são parentes de Rogério.
– A investigação ainda está em curso. Mas a determinação da autoria é dada como certa, Chegamos ao caseiro porque ele relatou coisas que não condiziam com o cenário encontrados por nós no local do crime – disse o titular da DH, Pedro Medina, em entrevista à Rádio CBN.
O caseiro chegou a ficar junto com a viúva do coronel, Cristina Batista Malhães, quando ela foi mantida refém pelos homens que invadiram o sítio. Para a polícia, ele simulou ser mais uma vítima. Em entrevistas, o suspeito chegou a afirmar temer por sua segurança e a de sua família. O caseiro está sendo levado para a DH da Baixada.
Revelações sobre torturas
A morte de Malhães ocorreu um mês depois do depoimento dele à Comissão Nacional da Verdade (CNV). Na ocasião, o oficial confessou ter se envolvido em torturas, mortes e ocultação de corpo de vítimas da ditadura. Foi a primeira vez que o coronel assumiu, em público, que fez parte da equipe de repressão que operou, nos anos 1970, na Casa da Morte, que funcionava em Petrópolis, na Região Serrana do Rio.
Em seus relatos, Malhães detalhou como a repressão fazia para impedir a identificação daqueles que eram mortos. De acordo com o coronel reformado, os dentes da pessoa eram quebrados e os dedos, cortados. Assim, não era possível fazer a identificação pela arcada dentária e as digitais, já que na época não havia exame de DNA.
O militar admitiu ainda, em seu depoimento, ter recebido uma ordem de seu comando para ocultar o corpo do ex-deputado Rubens Paiva. Mas Malhães alegou, no entanto, que a operação foi executada por outro oficial do Centro de Informações do Exército (CIE).
— Eu deveria ter feito, sim, mas tive outra missão. Eu disse (à imprensa) que foi eu porque acho uma história muito triste quando uma família leva 38 anos para saber o paradeiro de uma pessoa. Não estou sendo sentimental, não — declarou à época.
Fonte: Extra/Globo