George Michael lança novo disco de covers gravado ao vivo
Em março do ano passado, o mundo da música perdeu um de seus mais importantes produtores, o sul-africano Phil Ramone. ESymphonica, álbum ao vivo do inglês George Michael, é o que se convencionou chamar de canto do cisne. Sua última produção.
Responsável por álbuns antológicos de uma quilométrica lista de artistas que vai de Bob Dylan a Quincy Jones, Paul MCartney a Bono Vox, Paul Simon a Madonna, Ramone vinha, nas última décadas, reformatando carreiras para as novas gerações. Conduziu Duets de Frank Sinatra, os álbuns de covers e duetos que inseriram Tony Bennett na MTV e a série de discos com standards da música americana que devolveram Rod Stewart aos holofotes da grande mídia e às cifras milionárias de faturamento.
Sem lançar disco há 10 anos, e frequentador razoavelmente assíduo das páginas policiais e de fofocas, por prisões, acidentes e uma pneumonia que poderia ter encerrado sua biografia, George Michael apostou na segurança e na experiência de Ramone para gravar, durante a turnê 2011/2012 do show ‘Symphonica’, com a Symphonica Air Orchestra, o CD que recoloca o astro em cena.
O cantor, que fez um bom disco de covers em 1999, Songs for the last century, exerce a função de crooner com elegância, equilíbrio e um bom grau de previsibilidade. Gravado ao vivo em vários locais, e burilado pacientemente em estúdio, o disco mescla músicas que ele admira e temas próprios, sem grandes novidades. My baby just cares for me e The first time ever I saw your face inclusive já estavam no trabalho de 1999.
Sem o swing de Sinatra, o glamour de Stewart ou a maleabilidade de Bennett, o que Michael tem mais a oferecer é a consciência e a segurança de ser um cantor com domínio do ofício. Mesmo que, apesar do tom emocionado, não chegue perto dos originais de Nina Simone (Wild is the wind), Roberta Flack (The first time ever I saw your face) ou mesmo Elton John (Idol), ele consegue redimensionar e chamar de suaLet her down easy, de Terence Trent D’Arby, e não passa vergonha ao enfrentar standards como You’ve changed, embora suas leituras não entrem no Top 10 de melhores versões de cada uma.
O melhor do disco está, mesmo, nas versões que Michael faz de seu próprio material. Praying for time, A different corner e, principalmente, Cowboys and angels soam mais sinceras, densas e definitivas. Enfim, um passaporte de volta que ajuda a criar boa expectativa para um aguardado disco de inéditas, previsto para sair entre o segundo semestre deste ano e o primeiro de 2015.