‘Mente quem estabelece qualquer envolvimento com doleiro’, diz Padilha

images (3)O ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT) voltou a negar, nesta sexta-feira (25), envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, acusado de ser um dos chefes de quadrilha que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões.

“Mente quem estabelece qualquer envolvimento meu com o doleiro citado”, disse, em entrevista em São Paulo, o petista. Documentos da PF apontam indícios de que Padilha teria indicado um executivo para o Labogen, laboratório do doleiro que, de acordo com a investigação, foi usado em esquema de lavagem de dinheiro.

Durante a investigação que levou à operação Lava Jato, a Polícia Federal encontrou, em uma das 270 mensagens analisadas, a citação ao nome “Padilha”. Para o Em 28 de novembro do ano passado, o deputado licenciado André Vargas (PT-PR) diz a Youssef que Padilha indicou um executivo para o Labogen, laboratório do doleiro que teria sido usado no esquema de lavagem de dinheiro.

“Sexta ele estará aí. Dá o número do celular e fala que é Marcos, estará em São Paulo no dia seguinte ou segunda e que foi o Padilha que indicou”, afirmou o deputado na ocasião. Segundo o relatório da PF, “Marcos” é Marcuz Cezar Ferreira de Moura, ex-coordenador de promoção de eventos da assessoria de comunicação do Ministério da Saúde. Depois, Moura participou de reuniões na Labogen.

“Mente quem diz que eu indiquei Marcuz Ferreira de Moura para qualquer laboratório privado”, disse Padilha nesta sexta. Ele disse que conhece Moura. “Ele foi indicado por funcionários do Ministério da Saúde. Ele tinha relações com pessoas do governo. Não é um cargo que passaria pelo meu crivo.”

O ex-ministro, cotado para ser o candidato do PT ao governo de São Paulo, disse que solicitou formalmente acesso ao relatório da PF. “Constitui advogados para solicitar todo o relatório em que meu nome foi envolvido. Estou extremamente indignado.”

Apesar do relatório, ele disse admirar o trabalho dos federais. “Tenho maior orgulho da PF brasileira. Queira Deus que a polícia do estado de São Paulo tenha a mesma competência e autonomia de ação que a Policia Federal. Exatamente por isso que quero o relatório detalhado, completo.”

Ele acrescentou que sentiu-se perseguido por adversários políticos. “O que vi esta semana foram atitudes de arrogância, grosseria, de tentar inibir os debates sobre os problemas do estado de São Paulo. O que vi foram agressões à minha pessoa e ao meu partido”, disse. “Vou continuar respeitando meus adversários sem qualquer clima de baixaria. E dizer aos meus adversários que não tenho medo de cara feia, arrogância, injúrias. Se tivesse medo, não teria implantado o Mais Médicos no Brasil.”

Esclarecimentos
PSDB, DEM e PPS vão protocolar entre esta sexta (25) e a próxima segunda (28) requerimento para que o petista fale na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados. Pedidos para que o ex-ministro fale em outros colegiados da Casa também devem ser elaborados no início da próxima semana, segundo líderes da oposição.

Questionado se irá depor, o ex-ministro disse: “Os esclarecimentos estão sendo dados por mim. Vou sempre colaborar com qualquer processo sério que queira ser uma apuração que não seja contaminada por processo eleitoral”. Ele, porém, fez uma ressalva: “Certamente o interesse do DEM não é colaborar com a apuração. Não vou comparecer em nenhum espetáculo de debate eleitoral.”

André Vargas, que admitiu ter viajado em jatinho fretado pelo doleiro e é suspeito de fazer tráfico de influência no Ministério da Saúde, afirmou que não recebeu de Padilha nenhuma indicação e disse que responderá a todos os questionamentos “nos foros competentes”.

Padilha ainda disse que não procurou por André Vargas, pois o deputado já deu declarações negando as acusações. “Não procurei porque ele esclareceu que eu nunca indiquei o Marcuz (César Moura) para qualquer cargo nesse laboratório privado.”

 

Fonte: G1

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