Mulheres de AL doam os cabelos para ajudar pessoas com câncer

Nada de madeixas longas, na cor que é tendência da estação. O negócio agora é deixar a vaidade de lado, passar a tesoura e ajudar as pessoas que perderam os fios por conta do tratamento do câncer.

Esse gesto de amor ao próximo tem se espalhado por vários estados do País e também virou moda em Alagoas, onde as mulheres ganham um novo visual e, ao mesmo tempo, praticam um gesto de solidariedade que vai fazer outras pessoas do sexo feminino mais felizes.

Os cabelos cortados com esse fim viram perucas que são destinadas a adultas e crianças que lutam contra a doença e estão com a autoestima baixa, por conta da queda dos cabelos.

Salões de beleza estão engajados na causa e incentivam o corte dos fios. Para que a mecha possa ser doada, é preciso que tenha o comprimento mínimo de 10cm e que a cabeleireira seja comunicada antes de passar a tesoura, para que possa fazer o corte correto, prendendo a parte que será retirada com um elástico.

Quem já adotou essa moda revela que a sensação de saber que pode mudar a vida de outra pessoa apenas doando parte dos cabelos é indescritível. É o caso de Ana Luiza Nogueira, de 24 anos, que decidiu cortar os fios com esse objetivo no dia do próprio aniversário, no início de abril. O amor ao próximo falou mais alto que o sentimento por uma das partes que ela mais gosta no próprio corpo.

Quem já adotou essa moda revela que a sensação de saber que pode mudar a vida de outra pessoa apenas doando parte dos cabelos é indescritível. É o caso de Ana Luiza Nogueira, de 24 anos, que decidiu cortar os fios com esse objetivo no dia do próprio aniversário, no início de abril. O amor ao próximo falou mais alto que o sentimento por uma das partes que ela mais gosta no próprio corpo.

“Eu amo os meus cabelos. Eles são uma paixão minha e da minha mãe. Uma parte de mim que eu gosto muito, mas vai chegando a maturidade e você vai percebendo a necessidade das outras pessoas. Por isso, no dia do meu aniversário, eu decidi fazer essa doação em agradecimento a Deus pela minha saúde. Estou muito feliz por ter feito esse gesto. É uma sensação inexplicável que não tem dinheiro nenhum que pague. Tenho certeza de que Deus preparou tudo para que a pessoa que receba os meus fios tenha o encontro com a autoestima. Que ela tenha essa chance de se sentir bonita também”, afirmou.

Os 20cm de cabelos retirados de Ana Luiza serão enviados pelos Correios para um projeto de São Paulo, o Rapunzel Solidária, que ela viu nascer e acompanhou todo o crescimento por meio da página do Facebook.

CORRENTE 

Todo gesto de amor gera outro e assim vai se formando uma rede de pessoas dispostas a ajudar. Foi assim, vendo uma reportagem sobre doação de cabelos na TV, que a pequena Maria Fernanda Castro, de apenas 5 anos, também decidiu aderir ao “curto solidário”. Ela pediu à mãe, a publicitária Maria Luiza Rocha Castro, de 29 anos, que a levasse ao salão de beleza para que pudesse ajudar as pessoas que estão se tratando do câncer.

“Ela viu uma reportagem sobre esse assunto e falou que queria cortar os cabelos acima do pescoço para doar o restante. Eu achei ótimo porque foi uma iniciativa dela. Mesmo sendo tão pequena, ela já pensa nisso, já associa as próprias ações a essa questão de ajudar. O pedido da minha filha será atendido”, destacou a publicitária.

A estudante de Direito Marcella Lessa Santos, de 25 anos, não só aderiu à causa, como também criou o próprio projeto de doação. Batizada de “Doe suas madeixas”, a iniciativa é recente e ainda passa por alguns ajustes, mesmo assim já consegui mobilizar dez mulheres de Maceió, de cidades como Roteiro, Marechal Deodoro e Teotônio Vilela e até do estado do Rio Grande do Norte. A ideia é ajudar as crianças atendidas na Associação dos Pais e Amigos dos Leucêmicos de Alagoas (Apala).

Para dar o pontapé inicial à campanha, Marcella passou a tesoura nos próprios fios, depois de deixá-los crescer por dois anos e meio. Com os cabelos 25cm menores, ela também fala do sentimento de felicidade. “Eu sempre procuro me engajar em campanhas para ajudar o próximo, porque acho que a satisfação de ver o sorriso no rosto de uma pessoa que recebe o carinho de outra é um momento ímpar. Eu quero ser uma ponte para que outras mulheres venham ajudar também”, destaca.

Para doar, a única exigência é o comprimento dos fios. Eles não precisam ser naturais e podem ter passado por tratamento químico, como alisamentos e pinturas. “Não há restrição e quanto maior, melhor, completa Marcella.

AUTOESTIMA 

A cabeleireira Gabriela Cabus, que tem um salão que leva o nome dela, apoia a iniciativa e também busca incentivar o corte para doação. Ela, mais do que ninguém, sabe o quanto os cabelos são importantes para a autoestima da mulher e, por isso, pretende mobilizar outros salões da cidade para que haja uma corrente de solidariedade no sentido de ajudar as pessoas que lutam contra o câncer.

A ideia, segundo ela, será discutida durante reunião na Apala nos próximos dias, e passa não só pelo corte gratuito das mulheres engajadas na campanha, mas também pelo contato com as vítimas da doença, ensinando-as como realçar as sobrancelhas e fazer uma maquiagem que reforce a beleza do rosto, independentemente de a pessoa estar careca ou não.

“É um trabalho de uma responsabilidade muito grande porque é uma questão de autoestima. Para uma mulher, perder os cabelos é algo muito forte. No salão, eu ouço depoimentos de pessoas que se preocupam mais com a queda dos fios do que com a própria doença. Os cabelos realmente levantam a autoestima e podem ajudar no tratamento do câncer. Quero me juntar a outros profissionais para trabalharmos não só essa questão do cabelos, mas também das sobrancelhas e dos cílios. A mulher pode ficar linda mesmo estando careca”, diz Gabriela.

No salão Zey Cabeleireira, a cliente que quiser cortar para doar ganha uma hidratação de uma famosa marca de cosméticos. As mechas são enviadas para o projeto Cabelegria, que beneficia crianças que estão passando pelo tratamento de quimioterapia.

Segundo Layanne Azevedo, proprietária do salão, a doação é um gesto de amor que merece ser incentivado. “Quem doa o seu melhor, merece o meu melhor. Por isso incentivo a iniciativa dando uma hidratação às clientes”, falou.

DANDO EXEMPLO 

Os cabelos da estudante de jornalismo Karol Torres, de 20 anos, também farão outra pessoa mais feliz. Depois de conhecer, por meio do Facebook, o projeto Força na Peruca, de Pernambuco, ela decidiu mudar radicalmente o visual e transformar os longos fios em cabelos curtos.

“A namorada do meu primo compartilhou a página do Força na Peruca e eu fiquei curiosa e também quis conhecer. Fiquei olhando as fotos que haviam sido postadas e aquilo me mobilizou. O cabelo para a mulher é uma coisa muito importante. Quando você fica sem deve ser muito difícil porque eles trazem um pouco da feminilidade. Eu pensei: se tenho sobrando, porque não doar uma parte? Foi quando decidi cortar”, relata.

Depois de usar os fios longos por quase dois anos, Karol conta que ficou bastante satisfeita não só com a mudança do visual, mas também com o sentimento de felicidade ao saber que ajudou outra pessoa com um gesto tão simples.

“Quando eu sentei na cadeira da cabeleireira, pensei: ai meus cabelos! Mas depois que cortei, vi o quanto ficou melhor. Fiquei muito feliz porque outra mulher vai ficar muito mais bonita com eles”, contou.

A mecha de Karol, medindo 20cm, foi enviada via Correios para o Força na Peruca.

CONHEÇA 

Mais informações sobre os projetos Rapunzel Solidária, Força na Peruca e Cabelegria podem ser conferidos nas páginas do Facebook que levam os mesmos nomes. O ‘Doe suas madeixas’ ainda não está nas redes sociais e os detalhes sobre como doar podem ser repassados por Marcella Lessa, pelo telefone 9650-0177.

Com informações da GazetaWeb