Aos 80 anos, PM reformado é referência entre corredores

20140404214634926402oEm um dos cômodos da casa, Adolfo Joaquim, 80 anos, exibe uma estante com mais de 90 títulos conquistados. São medalhas e troféus que ganhou em maratonas e corridas pelo Brasil. A história das estatuetas, certificados e honrarias começou em 28 de outubro de 1982, com a participação do policial militar reformado na primeira competição de sua vida.

Cada item na estante conta uma história diferente, de uma largada, de um trajeto, de uma fase da vida do idoso. Ele continua a vencer distâncias com passos rápidos. Corre, facilmente, 10 quilômetros por dia. Embora tenha se aposentado como terceiro-sargento, é conhecido no meio atlético como Cabo Corredor.

Adolfo abre a porta de casa vestido com as roupas de corrida e a pele manchada de sol. Dois cachorros e um gato correm pelo jardim da residência simples em Taguatinga Sul, onde ele educou os sete filhos. A calçada está pintada e limpa. Com um físico admirável, é magro e resistente como uma rocha.

Adolfo Joaquim mistura histórias para explicar, com a voz rouca e um sorriso largo, a boa condição atlética. Fala do esporte, de ser atuante na comunidade, de viver bem, de honestidade e de trabalho. Para ele, está tudo interligado. À medida que conta os casos, ri e bate com a perna no chão, com as mãos no joelho. Conta que nunca teve medo de autoridade e, pelo que é certo, enfrenta o que for preciso. “Eu apronto, mas tudo com honestidade”, sorri. “A maior arma de um policial é a educação. Com ela, já chamei a atenção até de general do Exército”, recorda.

Ele nasceu em 23 de agosto de 1933, em Frade (CE). Cresceu sob a educação rígida do pai. Mudou-se para o Rio de Janeiro e, em 1953, ingressou na Polícia Militar do Distrito Federal — à época, a cidade carioca era a capital do país. Começou como soldado e foi promovido a cabo. O detalhe: odiava correr. “Tínhamos que correr. Fazíamos a formação e saíamos. Eu já tinha sido promovido e tinha que ir na frente da turma. Acabei gostando”, conta. Ele trabalhou no Primeiro Batalhão até 1958, quando foi destacado para fazer a segurança pessoal do então ministro da Justiça, Abelardo Jurema. No golpe de 1964, foi enviado de volta para o quartel.

 

Fonte: Correio Braziliense

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